[colombiamigra] Fw: [NIEM] Brasil - imigração

  • From: "william mejia" <dmarc-noreply@xxxxxxxxxxxxx> (Redacted sender "wmejia8a" for DMARC)
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  • Date: Mon, 6 May 2019 01:33:09 +0000 (UTC)

 

   ----- Forwarded Message ----- From: nucleo interdisciplinar de estudos 
migratorios NIEM NIEM.migr@xxxxxxxxx [niem_rj] <niem_rj@xxxxxxxxxxxxxxxxxx>To: 
"niem_rj@xxxxxxxxxxxxxxxxxx" <niem_rj@xxxxxxxxxxxxxxxxxx>Sent: Sunday, May 5, 
2019, 3:20:35 AM GMT-5Subject: [NIEM] Brasil - imigração
     


https://g1.globo.com/ac/acre/noticia/2019/04/22/fora-do-mais-medicos-cubanos-caem-na-informalidade-para-viver-no-ac-doi-encontrar-pacientes-na-rua.ghtml


Fora do Mais Médicos, cubanos caem na informalidade para viver no AC: 'dói 
encontrar pacientes na rua'
   
Há médicos trabalhando como motorista de aplicativo, vendedores de produtos 
naturais e lingerie. 'Meu maior sonho é voltar a trabalhar como médico', diz 
Júan Carlos. 
      
 Por Lilian Lima, Jornal do Acre 2ª Edição — Rio Branco 
 
 22/04/2019 13h30  Atualizado há 2 dias  
                         
 Sem poder exercer a medicina, 53 médicos cubanos trabalham no mercado informal 
no AC 
       
 Mesmo sem poder exercer a medicina após a saída de Cuba do programa Mais 
Médicos, 53 profissionais cubanos escolheram ficar no Acre. Agora, eles 
trabalham em diferentes áreas para conseguir sobreviver. A maioria está no 
trabalho informal. 
    
 O Acre perdeu 104 profissionais que atuavam em 20 municípios e dois distritos 
indígenas. O efetivo representava 63% dos médicos que atuavam pelo programa no 
estado, segundo a Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre). 
   
 Ebert Leon é médico há 10 anos, veio de Havana, capital cubana, em 2016. Ele 
trabalhou por dois anos e cinco meses no posto de saúde Maria de Fátima Matos 
da Silva, em uma comunidade carente de Rio Branco, capital do Acre. 
     
     
 Ebert Leon é médico há 10 anos e está trabalhando como motorista de aplicativo 
no Acre — Foto: Reprodução/Rede Amazônica Acre 
    
 Nesse período, ele casou com uma brasileira e comprou um carro que agora usa 
para trabalhar como motorista de aplicativo. Foi a alternativa que encontrou 
para se sustentar no país que escolheu para viver. 
   
“A gente tem que se sustentar, não é? Não aparece emprego fixo, aí temos que 
dar um jeito. Tive essa possibilidade, porque tinha carro e carteira de 
habilitação e vim trabalhar como motorista de aplicativo”, disse Leon. 
   
 São pelo menos 12 horas de trabalho por dia e entre uma corrida e outra ele 
estuda. Como o edital que ofertaria vagas para médicos formados no exterior sem 
o registro no Conselho Regional De Medicina (CRM) não saiu, ele se prepara para 
o Revalida - exame aplicado pelo Ministério da Educação para reconhecer 
diplomas de médicos formados em outros países. 
     
 Parte do dinheiro que ganha como motorista de aplicativo também é direcionad 
para este projeto. A etapa teórica do Revalida costuma ser realizada nas 
universidades federais de todo o país, já as etapas práticas não ocorrem em 
todos os estados. Então, é preciso se programar para viagens. O estado mais 
próximo do Acre que costuma ter essas etapas é o Amazonas (AM). 
   
“Fazer corrida durante todo o dia é muito cansativo e à noite procuro planejar 
o que vou querer estudar durante o dia”, afirmou o médico. 
     
   
Trabalhos informais
   
 O Ebert não é o único nessa situação. Ele reuniu alguns colegas do grupo de 53 
médicos cubanos que decidiu morar no Acre. Quase todos tiveram que passar a 
exercer trabalhos informais para conseguir sobreviver. 
   
 Isabel Rodriguez revende peças íntimas. Juan Carlos produtos naturais. Deles, 
a que se deu melhor foi a médica cubana Yolaida Betancourt. Ela trabalhava em 
um posto de saúde em Acrelândia, município distante aproximadamente 120 
quilômetros de Rio Branco. 
   
 Quando Cuba rompeu o acordo com o Brasil, a gestão municipal absorveu ela e 
outra médica cubana que decidiram ficar. Atualmente, Yolaida integra a equipe 
de vigilância epidemiológica da cidade. 
   
“Eu fico longe do atendimento médico e isso dói, não é segredo para ninguém. 
Dói encontrar os pacientes na rua perguntando se a médica está no município, 
porque não está no posto de saúde. Eles perguntam 'em que posto a senhora 
está?, em que hospital e quando que a senhora vai voltar a trabalhar?’. Então, 
a gente fica sem jeito”, contou a médica.
     
Assistência aos médicos cubanos
   
 Todos se submeteram a trabalhos informais, mas desejam e até buscam vagas no 
mercado formal. Eles até procuraram ajuda para isso. Tupinambás Lima é membro 
do Rotary Club e coordena esse trabalho de assistência aos médicos cubanos. 
   
 “Quando a gente fala ‘médicos procurando trabalho de qualquer tipo’, aí as 
pessoas têm aquele negócio da empatia, mas não da necessidade, mas com relação 
à condição profissional dele. Então, seria uma forma de a própria pessoa para 
empregar poderia estar criando constrangimento para si e para os 
profissionais”, disse Lima. 
   
 O objetivo de todos eles agora é conseguir sobreviver no Brasil, o país que 
eles escolheram para viver. E a esperança maior é de que em algum momento o MEC 
lance o edital do Revalida. 
   
 “Todos temos esperança de voltar em algum momento. Que façam alguma lei para 
trazer-nos de volta para a medicina no Brasil”, afirmou Isabel Rodriguez. 
   
 A última edição do exame foi em setembro de 2017, pouco mais de um ano antes 
da saída de Cuba do Mais Médicos e eles não participaram. O resultado final 
desse exame só saiu no início desse mês. Eles não têm ideia de quando um novo 
edital será aberto, mas seguem com o sonho de voltar a exercer a medicina. 
    
“Eu faço curso pela Universidade de Minas Gerais e outras que dão oportunidade 
de continuar estudando. Porque meu maior sonho é voltar a trabalhar como 
médico”, concluiu o médico Juan Carlos.


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https://noticias.r7.com/sao-paulo/imigrantes-haitianos-em-sao-paulo-revelam-sofrimento-social-01042019?fbclid=IwAR0btzbPSJUaPbrYv03CBcOZZcxiu27g25_4HvFiLB2KYor_TqsKcyWXjIo

Imigrantes haitianos em São Paulo revelam sofrimento social

Tese foi defendida pelo professor José Ailton, da Faculdade de Saúde Pública da 
USP, e mostra exclusão e invisibilidade da comunidade caribenha na capital
   
   -       
      - SÃO PAULO
      -       
Plínio Aguiar, do R7


   -  01/04/2019 - 04h01

“Eu sofri muito preconceito, principalmente no início. As pessoas me xingavam, 
mandavam eu voltar para o meu país. Eu chorava todos os dias”, conta o haitiano 
Cameu Jeaneenis, de 40 anos, e morador de São Paulo desde 2014. Sua trajetória 
remete ao mesmo caminho que a maioria dos imigrantes no Estado mais rico do 
País.

Jeaneenis nasceu na capital do Haiti, Porto Príncipe, com pouco mais de um 
milhão de habitantes. Sem escolaridade, era proprietário de uma loja que vendia 
material de construção. “Não ganhava muito, mas dava para sustentar a minha 
família”, conta ele. Na época, morava com os pais e o filho, hoje com 10 anos. 
No entanto, em 12 de janeiro de 2010, viu todo o seu ganha pão ser destruído, 
aos poucos, pelo terremoto que atingiu o país e deixou ao menos 230 mil mortes. 
A saída, segundo o haitiano, “era procurar uma vida melhor, mas fora do Haiti”. 
A ideia demorou para ser concretizada.

O haitiano chegou a São Paulo no dia 8 de outubro de 2014, sem dinheiro e sem 
um rosto conhecido. “Era isso ou nada”, lembra. Desembarcou no aeroporto de 
Congonhas, na zona sul da capital paulista, e fora em direção ao Anhangabaú, no 
centro. “Em frente à Casas Bahia, um amigo haitiano me reconheceu e me 
cumprimentou”, conta. Desde então, morou em abrigos até se estabelecer 
economicamente e profissionalmente. Mas, nesse caminho, enfrentou o preconceito 
e a dificuldade de oferta de emprego. “Nenhuma empresa queria me contratar, por 
que eu era imigrante, negro, e por não falar a língua local”, diz.

Leia mais: Registro de migrantes sobe, mas Brasil reconhece mil refugiados

Hoje, cinco anos depois, o haitiano trabalha como ajudante de pintor em uma 
empresa de pintura de edifícios. Ele também tem um local fixo: mora no 
Americanópolis, bairro que faz divisa com a cidade da região metropolitana 
paulista Diadema.

O retrato de sobrevivência de Jeaneenis e demais haitianos foi estudado, no ano 
passado, pelo professor doutor na Faculdade de Saúde Pública da USP 
(Universidade de São Paulo) José Ailton Rodrigues dos Santos. A exclusão, 
sofrimento e preconceito em relação aos imigrantes fora analisada por 14 anos 
pelo docente, que concluiu em Haitianos em São Paulo – exclusão, invisibilidade 
social e sofrimento social. Desde 2004 até fevereiro de 2019, a Polícia Federal 
de São Paulo recebeu 31.548 entradas de haitianos no Estado.

De acordo com o professor, a “descoberta” do Brasil pelos haitianos se deu por 
volta de 2004. A Minustah (Missão das Nações Unidas para Estabilização do 
Haiti) foi criada, em fevereiro daquele ano, para reestabelecer a segurança e a 
normalidade do país caribenho após sucessivos episódios de violência e 
turbulência política, que culminaram com a queda do então presidente Jean 
Bertrand Aristide. Desde o início, a operação internacional foi liderada pelo 
Brasil. “Obviamente alguns haitianos já conheciam o nosso país, mas desde a 
missão esse conhecimento se intensificou, assim como a ideia de vir para cá e 
tentar uma vida melhor”, conta.

A partir de então, o professor acompanha a trajetória da imigração haitiana em 
São Paulo. “São homens e mulheres em idade produtiva que vem para cá a fim de 
trabalho, de gerar economia, de ter uma situação de vida melhor se relacionada 
com aquela que tinham lá”, diz. No entanto, quando aterrissam em terras 
brasileiras, os imigrantes haitianos se deparam com a constituição racial e 
social enraizada na sociedade. “O Brasil é um dos países mais mistos 
mundialmente, formado por diversas culturas e etnias. No entanto, ainda assim, 
é um país racista. E São Paulo escancara isso”, afirma — uma pesquisa feita 
pela Rede Nossa São Paulo, por exemplo, mostrou que 70% dos paulistanos acham 
que o racismo se manteve ou aumentou nos últimos dez anos. Cerca de 40% dos 
entrevistados disseram que o preconceito se manteve, enquanto 30% reconheceram 
que aumentou e 25% acreditam ter diminuído. Não sabem ou não responderam 
correspondem aos outros 5%.



Situações de exclusão, invisibilidade, depressão e suicídio fazem parte da 
rotina dessa comunidade na capital paulista. Segundo o professor, os haitianos 
são colocados às margens das margens. “O povo preto e periférico é visto como 
marginal. Os haitianos, por sua vez, são vistos de forma ainda pior”, reitera. 
Santos justifica essa depreciação da seguinte forma: possuem a mesma cor, não 
conseguem empregos classificados pela sociedade como satisfatórios, assim como 
o “povo preto e periférico”, se comunicam através de uma língua desconhecida e 
tem uma religião condenada — o professor explica que não são todos os 
imigrantes que sofrem desse preconceito. “Um imigrante, originário de algum 
país europeu, por exemplo, será muito bem-vindo, porque é branco. O que possui 
origem negra, não”, diz.

Durante a tese, o professor se colocou na situação de haitianos para melhor 
entendimento do que a comunidade sofre em São Paulo. “Por dois anos, eu 
mergulhei intensamente no dia a dia dos haitianos. Eu frequentava os mesmos 
lugares, eu realizava as mesmas atividades, e também dormia com eles nas 
pensões. Eu cheguei a dormir na rua com eles”, recorda. “E, de fato, esse 
preconceito existe e é gigantesco”.

Tais situações levaram o professor a concluir a pesquisa com o termo 
“sofrimento social” — elevada exclusão leva ao abismo dos haitianos em meio à 
sociedade brasileira, tidos como telespectadores desse racismo. “Enfrentam uma 
ordem de dificuldades, problemas pessoais, expectativas, renda zero, e um sonho 
destruído”, aponta Santos.



Como tentativa de minimizar esse sofrimento social, os Estados Membro da ONU 
(Organização das Nações Unidas) adotaram, em 17 de dezembro de 2018, o Pacto 
Global sobre refugiados. O acordo é fruto de um processo de construção iniciado 
com a Declaração de Nova York de 2016, reconhecendo a importância de uma 
abordagem dos diversos setores envolvidos na imigração. Esses documentos, por 
sua vez, representam o comprometimento dos países em melhoria das comunidades 
que migram de um país para outro.

Em reconhecimento da relevância da atuação das cidades na inclusão de 
imigrantes e refugiados, mais de 60 prefeitos do mundo, incluindo o de São 
Paulo, Bruno Covas (PSDB), assinaram a "Declaração de Marraquexe - Cidades 
trabalhando juntas pelos imigrantes e refugiados".  A lei 16.478 e o decreto 
57.533, ambos de 2016, abordam a questão imigratória na capital paulista, na 
busca pela consolidação dos direitos e pela garantida da dignidade dos 
imigrantes, uma vez que o fator é um fenômeno urbano, vivenciado em diversas 
cidades.

Venezuela

A Venezuela enfrenta a pior migração na história do país. Mais de três milhões 
de pessoas já fugiram da crise econômica e política, de acordo com dados da 
ONU. Durante o êxodo, provocado pela violência, hiperinflação e escassez de 
alimentos e remédios, o país perdeu o equivalente a um de cada 12 habitantes.

Rica em petróleo, a Venezuela mergulhou em uma crise sob o comando do 
presidente Nicolás Maduro, que prejudicou a economia com intervenções estatais 
ao mesmo tempo em que reprime opositores políticos. Como saída, diversos 
venezuelanos buscam uma saída aqui no Brasil.

A força-tarefa brasileira que atua em Roraima, Estado fronteiriço à Venezuela, 
tem recursos previstos para garantir a operação até março deste ano. Depois 
disso, será necessário um orçamento extra de cerca de R$ 150 milhões para 
manter essa missão até o fim do ano, informou o almirante Ademir Sobrinho, 
chefe do Estado Maior Conjunto das Forças Armadas.

Cerca de 300 venezuelanos se estabeleceram em São Paulo, no ano de 2018, por 
meio do processo de interiorização feito pelo governo federal a pedido da Acnur 
(Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados). “Temos que quebrar todos 
os conceitos que temos sobre os imigrantes, e entender que devemos abraçá-los, 
uma vez que estão em pior situação que a nossa, em vez de replicarmos 
preconceito e colocá-los de lado novamente”, acredita o professor.


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https://noticias.r7.com/internacional/registro-de-migrantes-sobe-mas-brasil-reconhece-mil-refugiados-04022019

Registro de migrantes sobe, mas Brasil reconhece mil refugiados

Número de estrangeiros registrados no país aumentou 18,4% em 2018. Para 
solicitantes de refúgio, estrutura reduzida de atendimento é desafio
   
   -       
      - INTERNACIONAL
      -       
Ana Luísa Vieira, do R7


   -  04/02/2019 - 04h02 (Atualizado em 04/02/2019 - 08h26)


O Brasil registrou 121.539 novos migrantes em 2018 — número que representa um 
aumento de 18,4% em relação a 2017, quando foram registrados 102.634 novos 
estrangeiros em situação legal no território nacional.

Também no ano passado, o governo concedeu status de refugiados a 1.036 
estrangeiros — um crescimento de 16,5% em relação aos 889 de 2017.

Os dados foram obtidos pelo R7 por meio da Polícia Federal, que é responsável 
pela emissão do RNM (Registro Nacional Migratório) — documento que atesta a 
identidade de estrangeiros com residência temporária ou permanente no país. 

Para o professor de Relações Internacionais na UFRR (Universidade Federal de 
Roraima) João Carlos Jarochinski, os aumentos registrados na emissão dos 
documentos, ainda que não sejam expressivos, se devem a uma série de fatores.

“Entre 2016 e 2017, o índice de desemprego estava mais acentuado no Brasil e a 
capacidade de atuação dos migrantes no mercado de trabalho nacional era menor. 
Além disso, para o caso dos venezuelanos, por exemplo, não havia uma resolução 
que facilitasse a regularização do fluxo. Já entre 2017 e 2018, houve uma leve 
recuperação econômica e mudanças legislativas que favoreceram a regularidade e 
a obtenção de documentos”, diz.

Desde março de 2018, os venezuelanos que desejam se regularizar no Brasil podem 
recorrer à portaria interministerial 9/2018 — que autoriza, por dois anos, a 
“residência ao migrante que esteja em território brasileiro e seja nacional de 
país fronteiriço, onde não esteja em vigor o acordo do Mercosul”. De acordo com 
a PF, há 36.349 migrantes da Venezuela registrados no Brasil atualmente. Os 
egressos do país vizinho só ficam atrás dos haitianos — que totalizam 70.129 
registrados.

Número de novos migrantes cresceu 18,4% entre 2017 e 2018
Arte R7
Do Haiti à Venezuela



Um dos que chegaram do Haiti é o jovem Challes Obas, de 31 anos. Ele veio 
depois que a ilha foi devastada por um terremoto no ano de 2010.

Antes de pisar em terras tupiniquins, Obas passou por Quito, no Equador, onde 
recorreu à embaixada brasileira para obter o protocolo que lhe desse direito à 
residência temporária no Brasil. À época, o país concedia visto humanitário 
para haitianos atingidos pela tragédia.

Ao chegar aqui, o jovem foi à PF dar entrada no processo para a obtenção do RNM 
(antigamente chamado de Registro Nacional do Estrangeiro). Lá, recebeu um novo 
protocolo para utilizar como documento até que o RNM fosse emitido — 
procedimento que durou, no total, três meses.

“Nesse período, tive muita dificuldade para conseguir trabalho e abrir conta em 
banco porque ninguém sabia que aquele protocolo tinha validade, por mais que o 
papel contasse com um carimbo da PF. Isso já mudou um pouco, mas havia muita 
confusão — tanto que as ONGs passaram a fazer campanhas de conscientização para 
mostrar que aquele documento é legal”, relata, em entrevista ao R7.

Mesmo com o RNM em mãos, o haitiano não deixa de enfrentar percalços no que diz 
respeito à sua documentação. “Preciso renovar o registro, mas não encontro 
horário para agendamento na sede da PF em São Paulo. Há horários disponíveis em 
postos no litoral e no interior, mas sem comprovante de residência desses 
lugares e morando longe fica difícil”, relata.


Dificuldades semelhantes se apresentaram ao venezuelano Jose Rafael Camejo, de 
46 anos, que chegou ao Brasil em setembro de 2018.

“Tentei conseguir o RNM pelo processo de residência temporária, mas não havia 
data para atendimento na sede da PF em São Paulo. Agendei em Bauru e, chegando 
lá, não me atenderam porque não é a cidade onde eu moro. Decidi solicitar o 
status de refugiado na capital paulista. Saí com o protocolo da solicitação de 
refúgio em trâmite no mesmo dia em que pedi”, conta.

Com o protocolo, Camejo, que é engenheiro de informática, conseguiu trabalho 
como desenvolvedor para uma empresa de softwares e abriu uma conta em banco. 
Até que seja efetivamente reconhecido como refugiado, deve renovar o protocolo 
anualmente. A solução parece ter se dado de forma fácil, mas muitos na mesma 
situação do venezuelano costumam se deparar com mais incertezas, segundo 
Marcelo Haydu, coordenador da Adus, ONG de apoio a refugiados em São Paulo. 

“O caso dos solicitantes é complexo porque muitas companhias não admitem, no 
protocolo, um documento válido. Aí vem a dificuldade para a inserção no mercado 
de trabalho. Mesmo quando entendem que o protocolo é válido, não te contratam 
porque sabem que você está em situação provisória e existe a incerteza em 
relação ao reconhecimento. As pessoas esperam, em média, de três a quatro anos 
para ter um posicionamento das autoridades sobre o refúgio”, aponta.

Haitianos totalizam 70.129 migrantes registrados no Brasil
Arte R7
As dificuldades dos refugiados

Camejo se tornou solicitante de refúgio no Brasil
Reprodução/Facebook
O reconhecimento de pouco mais de mil refugiados pelo governo brasileiro ao 
longo de 2018 — em meio a um total de 80.014 solicitações em trâmite, de acordo 
com dados da PF — é um reflexo da reduzida estrutura do Conare (Comitê Nacional 
para os Refugiados, ligado ao Ministério da Justiça), conforme explicam 
especialistas ouvidos pelo R7.

“O Conare é um órgão com uma estrutura pequena para fazer essa análise de todas 
as solicitações. Além disso, fica tudo centralizado em Brasília — a entrevista 
dos solicitantes, que não é um procedimento simples, é feita por um órgão 
colegiado que se reúne uma vez por mês. Precisaríamos de um outro dinamismo ou 
de um aumento dessa estrutura de forma descentralizada”, aponta Jarochinski, da 
UFRR.

Atualmente, a maioria dos refugiados reconhecidos no Brasil vem da Síria — são 
1.249 no total. Em seguida, aparecem 445 congoleses. Os haitianos, embora sejam 
maioria com RNM no país, totalizam 163 refugiados. Isso acontece porque o 
status de refúgio implica premissas específicas, segundo Manuel Furriela, 
reitor do Complexo Educacional FMU FIAM-FAAM e presidente da Comissão do 
Refugiado, Asilado e da Proteção Internacional da OAB-SP (Ordem dos Advogados 
do Brasil - Seccional São Paulo).

“A primeira é de que o estrangeiro só veio para o Brasil porque ele não teve 
condições de permanecer em seu país. Ele foi forçado a sair por causa de alguma 
perseguição — religião, política e guerra são as causas mais comuns. Quando 
chega aqui e é autorizado, pode permanecer por tempo indeterminado. O refúgio 
cessa se o conflito acabar”, explica.

Sírios são maioria entre refugiados reconhecidos no Brasil
Arte/R7
Legislação moderna 

Apesar dos empecilhos estruturais, a legislação brasileira para os refugiados é 
considerada avançada. O país tem a tradição de acolher egressos de países em 
conflito desde as grandes guerras do século 20, recorda Furriela.

“O que também pôs o Brasil na vanguarda foi uma lei específica do presidente 
Fernando Henrique Cardoso, de 1997. Foi criada uma norma especial para o 
refúgio com todos os dispositivos para regularizar o processo — que prevê 
questões mais práticas em relação aos direitos humanos. O refugiado tem direito 
a todos os serviços públicos e a continuar sua vida aqui com suporte temporário 
do governo brasileiro para se inserir na nossa sociedade”, detalha.

“Existe, por exemplo, a previsão — não são todos os países que aceitam, mas o 
Brasil aceita — de que, a partir do momento em que a pessoa é reconhecida como 
refugiada, ela possa trazer todos os seus familiares ou pessoas ligadas a si. 
Não é necessário que cada um faça a própria solicitação. Há ainda a 
possibilidade de revalidação do diploma de ensino superior sem custos”, 
completa.

Na opinião de Jarochinski, da UFRR, o que falta é melhorar a efetividade da lei 
para que mais pessoas tenham acesso e sejam formalmente registradas no país: 
“Nós pensamos em política de refúgio para poucas pessoas porque estivemos longe 
dos grandes conflitos mundiais. Houve um aumento significativo na demanda de 
pedidos para uma estrutura que continua a mesma de 20 anos atrás”, finaliza.

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https://giro.matanorte.com/regioes/zona-da-mata/carpina/31-refugiados-da-venezuela-chegam-a-carpina/?fbclid=IwAR13Q0P-qisAS8f-WkqAPGdMbQD2xrIsIsA8NcQhkoJlJVrHkfwBBC0sqlA
31 refugiados da Venezuela chegam a Carpina 

Giro Mata Norte  20/04/2019    10:22 comment 

Nesta sexta-feira (19), Carpina recebeu mais 31 imigrantes venezuelanos. O 
acolhimento é uma iniciativa da Ação Missionária para Áreas Inóspitas (AMAI), 
em parceria com os Governos Federal, Estadual e Municipal. O grupo é composto 
por 14 crianças e 17 adultos, que vieram em busca de melhor qualidade vida, uma 
vez que seu país natal sobre com uma terrível crise humanitária. Em Carpina, 
além do apoio fornecido pela AMAI, que dispõe de uma casa de acolhimento 
estruturada para as famílias, no Bairro de Jardim Neópolis, também receberão 
atendimento da Prefeitura, através de suas secretarias, principalmente da Sec. 
de Desenvolvimento Social, oferecendo serviços como abertura do cadastro no 
CaDúnico, NIS, cursos profissionalizantes, acesso à Programa Socioassistenciais 
(Bolsa Família, BPC, Criança Feliz), serviços do CRAS e CREAS, e outros. 
Escoltados por guarnições das Forças Armadas, da Base a Aérea do Recife até 
Carpina, os venezuelanos tiveram uma recepção calorosa feita por uma comitiva 
do Exército Brasileiro (EB), Força Aérea Brasileira (FAB), juntamente com 
representantes do Estado e município. Entre os presentes estavam a Secretária 
de Desenvolvimento Social do Carpina, Marta Guerra; o Cel. Reis, do Exército 
Brasileiro; e a Supervisora técnica da Gerência de Proteção Social Especial de 
Alta Complexidade de Pernambuco, Wilma Sousa.

=====================================  

https://jconline.ne10.uol.com.br/canal/mundo/brasil/noticia/2019/04/19/forca-tarefa-resgata-10-venezuelanos-escravizados-em-oficina-na-bahia-376645.php?utm_source=fb-ne10&fbclid=IwAR3i0ldS2_IUE_yZfeIDc50J-jQKqJIYvCMaGYYOZfdaz0Y5svl1BUBk0i8

Força-tarefa resgata 10 venezuelanos 'escravizados' em oficina na Bahia
 
Os resgatados foram aliciados em seu país de origem, caracterizando tráfico 
internacional de pessoas
  
Publicado em 19/04/2019, às 10h08
    
Dez trabalhadores venezuelanos - nove homens e uma mulher - submetidos à 
condição análoga à de escravo foram resgatados em uma oficina mecânica nesta 
quinta-feira, 18, em ação da força-tarefa da Polícia Federal e fiscalização da 
Gerência do Trabalho de Ilhéus (BA). O grupo prestava serviços em um galpão de 
oficina na rodovia BR-415, entre Itabuna e Ibicaraí. A oficina realiza serviços 
de manutenção de equipamentos de um parque de diversões. 

Os resgatados foram aliciados em seu país de origem com proposta feita por um 
casal de empregadores, um brasileiro e um polonês, caracterizando tráfico 
internacional de pessoas, informou. Os venezuelanos chegaram ao Brasil em 
janeiro, de forma regular, com passagem fornecida pelos empregadores.

Todo o custo da viagem estava sendo descontado mensalmente da remuneração dos 
empregados, além dos gastos com alimentação, alojamento, televisão e internet - 
o que representava dois terços da remuneração a que os trabalhadores tinham 
direito mensalmente.

Do montante recebido após os descontos, segundo eles informaram aos auditores, 
parte era enviada às famílias, na Venezuela, restando a cada um deles apenas o 
valor médio de R$ 100,00 para todo o mês. Segundo a auditora-fiscal do trabalho 
Lidiane Barros, nenhum dos trabalhadores tinha registro formal empregatício.

Eles estavam alojados em instalações precárias no próprio galpão da oficina. As 
camas eram improvisadas. Não havia ventilação nos cômodos. O banheiro utilizado 
tinha paredes de zinco, sem oferecer privacidade e condições sanitárias e de 
conforto adequadas. "A fossa estava em vias de transbordamento, exalando forte 
odor", informou a Gerência do Trabalho.


 
"Um trabalhador adquiriu sarna em decorrência das condições precárias a que era 
submetido." Tanto no alojamento como no banheiro foram identificadas 
instalações elétricas com fiações desprotegidas. "Todo esse conjunto de fatores 
caracterizou a degradância das condições de trabalho e o resgate do grupo pela 
fiscalização", afirma a Gerência.

Acolhimento

A ação teve participação da Polícia Federal e da Secretaria de Justiça, 
Direitos Humanos e Desenvolvimento Social (SJDHDS). A PF prendeu em flagrante o 
casal de empregadores.. Eles responderão na Justiça pelo crime de redução de 
trabalhador à condição análoga à de escravo, tipificado no Código Penal.

Todos os trabalhadores resgatados estão sendo acolhidos pela Coordenação de 
Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas e Combate ao Trabalho Escravo (CETP) da 
SJDHDS, que está fornecendo hospedagem, alimentação e suporte para emissão de 
documentos.

A Auditoria Fiscal do Trabalho, juntamente com a PF, está realizando os 
trâmites necessários à regularização documental dos venezuelanos para 
permanência no país. Também está sendo levantado o valor das verbas rescisórias 
e efetuando a emissão das carteiras de trabalho e das guias de 
seguro-desemprego.

Ao fim dos procedimentos, os resgatados estarão aptos a trabalhar de forma 
regular no País, destaca a Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do 
Ministério da Economia.
[mensagem organizada por Helion Póvoa neto]

  __._,_.___     Enviado por: nucleo interdisciplinar de estudos migratorios 
NIEM <NIEM.migr@xxxxxxxxx>     
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