[colombiamigra] Fw: [NIEM] Brasil - imigração

  • From: "william mejia" <dmarc-noreply@xxxxxxxxxxxxx> (Redacted sender "wmejia8a" for DMARC)
  • To: Colombiamigra <colombiamigra@xxxxxxxxxxxxx>
  • Date: Wed, 23 May 2018 01:41:29 +0000 (UTC)

 

   ----- Forwarded Message ----- From: Helion Povoa helion_povoa@xxxxxxxx 
[niem_rj] <niem_rj@xxxxxxxxxxxxxxxxxx>To: "niem_rj@xxxxxxxxxxxxxxxxxx" 
<niem_rj@xxxxxxxxxxxxxxxxxx>Sent: Tuesday, May 22, 2018, 3:47:57 AM 
GMT-5Subject: [NIEM] Brasil - imigração
     

 
http://migramundo.com/e-precis o-falar-de-politicas-de-moradi ;
a-para-migrantes-e-refugiados- apontam-entidades/


É preciso falar de políticas de moradia também para migrantes e refugiados, 
apontam entidades
3 de maio de 2018


Tragédia no edifício Wilton Paes de Almeida, que desabou após um incêndio no 
centro de São Paulo, não é o primeiro (e talvez nem o último) caso de ocupação 
em condições precárias – situação também vivida por muitos migrantesPor Amanda 
Rossa


Em São Paulo (SP)

O dia 1º de Maio iniciou mais cinza em 2018, com o amanhecer desvelado pela 
fumaça de um incêndio na região do Largo do Paissandu, centro de São Paulo. O 
edifício Wilton Paes de Almeida, antiga sede da Polícia Federal e de 
propriedade da União, até então ocupado pelo Movimento Luta por Moradia Digna 
(LMD), desabou após um grande incêndio (um dos maiores da história da cidade), 
de causas ainda investigadas. O fato ainda reacendeu um debate em torno do 
direito à cidade e à moradia na cidade de São Paulo, em meio a apelos por 
solidariedade em favor das vítimas, brasileiros e migrantes africanos, 
asiáticos e latino-americanos.

Dados veiculados na imprensa apontam que, segundo a Secretaria de Habitação da 
Prefeitura de São Paulo, cerca de 25% dos moradores cadastrados na ocupação não 
eram brasileiros – situação que possivelmente se repete em outras. A situação 
de dificuldade de acesso à moradia para pessoas migrantes e em situação de 
refúgio, inclusive, já havia sido comentada no MigraMundo nos últimos anos, 
quando um incêndio na região central de São Paulo vitimou um imigrante 
boliviano, em 2016.



Embora São Paulo seja a cidade no Brasil com o maior número de Centros de 
Acolhida exclusivos ou voltados preferencialmente para imigrantes – são cerca 
de 540 leitos, segundo informações da Prefeitura de São Paulo – as vagas 
oferecidas representam um esforço inicial de acolhida temporária, especialmente 
por serem ofertadas por prazos limitados a alguns meses. Esses diferentes 
locais de acolhida possuem restrições, como a oferta de leitos apenas a 
mulheres e crianças pequenas ou homens sem filhos, não sendo todos os locais 
que acolhem famílias completas. Nesse contexto, as ocupações são uma 
alternativa àqueles que não se encaixam nesses perfis, não encontram vagas 
disponíveis ou buscam simplesmente locais de moradia com maior autonomia.

Edifício no Brás que abrigava famílias imigrantes e pegou fogo. Muitos 
imigrantes atualmente vivem em moradias precárias, a exemplo dos brasileiros.
Crédito: Miguel Ahumada

Encontrar um imóvel para locação é uma tarefa dificultada pelas leis e práticas 
brasileiras em tema de locações de imóveis, que impõe exigências de garantias 
descomunais, como a apresentação de um fiador com imóvel apenas na cidade de 
São Paulo (frequentemente praticada pelas imobiliárias da cidade), o pagamento 
de seguros-fiança com altos custos e a especulação imobiliária, que impulsiona 
a gentrificação e aumenta os deslocamentos daqueles que apenas conseguem ter 
uma casa em uma região periférica.

A tragédia do dia 1º de maio vem polarizando opiniões, especialmente por expor 
a prática de cobrança de taxas em ocupações, que podem variar em valor, 
atingindo até R$ 400 em certos locais. Antes de ceder à discursos que 
criminalizam os movimentos sociais de luta pela moradia, sem deixar de 
problematizar tais situações, é necessário pontuar as dificuldades vivenciadas 
por migrantes e refugiados para alugar um imóvel de forma independente, que 
também dizem respeito à demora para obtenção de documentos e regularização 
migratória, emprego formal e oportunidades educacionais.

Edifício Wilton Paes de Almeida, depois de abandonado, quando passou a servir 
de ocupação para movimentos de luta por moradia.
Crédito: Reprodução/Google Maps

Entidades questionam

Organizações da sociedade civil que lutam pelos direitos da população migrante 
e refugiada em São Paulo pedem mobilização e atenção para esse recorte nas 
questões sobre direito à moradia.

Segundo o padre Paolo Parise, um dos coordenadores da Missão Paz, uma família 
de filipinos composta por um casal com duas filhas procurou a instituição, mas 
já havia encontrado um local para passar a noite: “Estavam sem nada, ainda 
muito chocados. A mãe chorava ao descrever o que aconteceu, que desceu com o 
marido e as crianças e depois voltou para pegar os documentos. Ela conseguiu 
pegar o passaporte mas esqueceu do protocolo, então além de terem perdido tudo, 
também os documentos se foram, e estão com a preocupação e a dificuldade de 
conseguir tudo isso. Colocamos a Casa do Migrante à disposição para recebê-los, 
mas eles já tinham conseguido uma família de amigos que os hospedou. De 
qualquer forma estamos prontos se as pessoas precisarem”. A instituição, que dá 
abrigo atualmente a 110 pessoas migrantes no bairro do Glicério, possui também 
uma equipe de assistência social que realiza acompanhamento de migrantes em 
ocupações na cidade de São Paulo.

Para Marcelo Haydu, diretor executivo do Adus (ONG cujo foco é o trabalho com 
refugiados e solicitantes de refúgio), a situação deixou claro o problema 
histórico da desigualdade e distribuição de imóveis e terras no Brasil, que 
afeta desigualmente migrantes e refugiados.

Prédio que serviu de ocupação em chamas, momentos antes do desabamento.
Crédito: Divulgação/Corpo de Bombeiros

“Estamos em contato com algumas famílias, aguardando os encaminhamentos que 
estão sendo feitos pela Prefeitura, estamos fazendo contato com outras 
organizações, principalmente os albergues, para ver se conseguimos outros 
espaços de acolhimento. É muito triste o que aconteceu, mostra a precariedade 
do processo de integração local dos refugiados e deixa muito claro um problema 
que a gente já sabe que existe na cidade de São Paulo e no Brasil como um todo, 
que é a falta de espaços para essas pessoas ficarem. Muitas pessoas moram em 
ocupações porque não tem recursos financeiros de alugar um imóvel, ter um 
fiador, dar um depósito ou fazer um seguro-fiança e a única saída dessas 
pessoas é estar em uma ocupação pagando um valor mais baixo para ter um canto 
para ficar com a suas famílias.”

Em nota, o CAMI (Centro de Apoio e Pastoral do Migrante) aponta que tem 
acompanhado famílias migrantes que moravam na ocupação, elenca sete pontos nos 
quais vê a ausência dos órgãos competentes em relação à migração e moradia e 
pede uma reunião com as autoridades..

“Vemos a necessidade de uma reunião emergencial sobre o caso, considerando que 
muitos imigrantes e refugiados e outras categorias migratórias habitavam o 
espaço, faz se necessário o recorte migratório para se entender as 
especificidades diante do ocorrido”.

Ações de solidariedade

A arrecadação de alimentos, agasalhos, itens de higiene pessoal e de limpeza, 
entre outros, também está sendo realizada pela Cruz Vermelha, que está 
realizando triagem com os itens para serem encaminhados à Secretaria Municipal 
de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS), encarregada da entrega dos 
kits para as famílias. A tragédia, além de despertar a solidariedade de muitos, 
também motivou a disponibilidade de voluntários, segundo informações divulgadas 
pela instituição em sua página do Facebook.

Escombros mostram o que sobrou do antigo prédio da Polícia Federal que abrigou 
uma ocupação após incêndio e desabamento em São Paulo.
Crédito: Divulgação/Corpo de Bombeiros

Há também pessoas e grupos diversos que tem ido ao largo do Paissandu com 
doações que vão de roupas e acessórios de higiene a café da manhã e 
hambúrgueres.

A solidariedade também vem de migrantes que já passaram pela experiência de 
viver em uma ocupação. É o caso do ator congolês Tresor Muteba, que tem ido ao 
largo do Paissandu de madrugada e tenta organizar uma intervenção cultural 
junto aos desabrigados como forma de homenagem. “Muitos migrantes são acolhidos 
primeiro pelas ocupações. Quero de alguma forma mostrar que somos todos humanos 
e que merecemos dignidade”.

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http://www.bbc.com/portuguese/ brasil-44009360


A jornada de uma boliviana, do trabalho escravo à ocupação em São Paulo
  Leandro Machado Da BBC Brasil em São Paulo         
   - 5 maio 2018
 
 Na porta de seu quartinho, a boliviana Virginia Paulina explica como foi parar 
no 9º andar de uma ocupação sem-teto no centro de São Paulo: "Fui expulsa do 
apartamento onde eu morava". 

Para ela e o marido, trabalhadores da área têxtil, era difícil manter uma casa 
que custava R$ 1..500 por mês - sem contar a energia elétrica, água, telefone. 
"A gente trabalhava só para pagar o aluguel", conta. O bolso apertou e o 
aluguel atrasou um mês, dois, três. Um dia, o proprietário pediu que o casal e 
seus quatro filhos se retirassem.

Essa trajetória tem sido comum entre muitos imigrantes e refugiados que chegam 
em São Paulo. Com dificuldades para se manter, eles acabam engrossando as 
fileiras de movimentos sociais de moradia e lotando quartos em ocupações da 
cidade.
   

No prédio Wilton Paes de Almeida, que desabou e matou ao menos uma pessoa 
durante um incêndio, cerca de 25% dos moradores eram estrangeiros, segundo um 
cadastro feito pela prefeitura em março. A maior parte era de angolanos (17), 
mas havia também peruanos (4), bolivianos (3) e dominicanos (2), entre outros.

Na ocupação Prestes Maia, onde a boliviana Virginia mora, há estrangeiros em 
quase todos os andares. São 21 pavimentos em um prédio e nove em outro, 
acessados apenas por escadas pois não há elevadores. O local tem 470 famílias - 
cerca de 2.000 moradores.

Virginia encara a ocupação como um refúgio, um local onde encontrou certa calma 
depois das agruras de uma imigrante boliviana em São Paulo.

Ela chegou ao Brasil em 2001, quando tinha apenas 21 anos. "Era uma época 
difícil na Bolívia", conta. Deixou La Paz com a promessa de que, em São Paulo, 
trabalharia como empregada doméstica. Porém, a esperança caiu por terra quando, 
no primeiro dia na cidade, descobriu que ficaria presa em uma oficina de 
costura na Vila Nova Cachoeirinha, na zona norte. 

Foi escrava por um ano, trabalhando sem receber salário e sem poder sair do 
local. 

"O chefe da oficina me ameaçava, não deixava eu sair. Como eu não tinha visto, 
ele dizia que a Polícia Federal estava caçando bolivianos e que eu seria 
presa", conta, enquanto sua filha de quatro anos pinta um desenho em um livro 
didático.

Virginia e seu marido tiveram de fugir da trabalho e da escravidão. Por anos, 
eles vagaram entre confecções da cidade, até abrir uma pequena oficina de 
costura em um apartamento do Bom Retiro. Ficaram dois anos, mas o preço do 
aluguel era impraticável.. "Ou a gente comia ou pagava o aluguel", diz Virginia.

Foram despejados.
    
Burocracias do aluguel

Segundo Marcelo Haydu, coordenador do Instituto de Reintegração do Refugiado, o 
preço alto do aluguel na cidade é um dos principais fatores que têm levado 
estrangeiros para ocupações.

Em São Paulo, o valor médio por metro quadrado é de R$ 35,86 para locação, de 
acordo com o índice FipeZap. Isso significa que, para alugar uma casa de 30 m², 
por exemplo, seria preciso desembolsar R$ 1.075 por mês, em média.

Haydu cita outro fator: para locar um espaço, imobiliárias exigem fiador, 
seguro ou depósito antecipado. "Como um imigrante que chega no país em situação 
de vulnerabilidade consegue ultrapassar essa burocracia? Ele chega às vezes sem 
falar uma palavra de português, com pouco dinheiro no bolso, sem documentos. 
Conseguir fiador já é difícil para brasileiros, imagina para eles", diz.

O resultado é que muitos estrangeiros acabam se instalando em ocupações ou em 
bairros da periferia da cidade, como Guaianases e Itaquera, no extremo leste. 
Nesses locais, eles negociam o aluguel diretamente com o proprietário, que 
normalmente não fazem as mesmas exigências das imobiliárias da região central. 

Casa ou comida

Virginia foi morar na ocupação Prestes Maia depois do despejo. Ali, seus custos 
são menores. 

Situação parecida viveu o costureiro boliviano Adolfo Marma, de 48 anos, que 
também trabalhou em situação de escravidão antes de chegar ao prédio de 
sem-teto no centro. "Nossa renda é de R$ 1.400. Se você paga um aluguel de R$ 
1.000, não sobra quase nada para comer", diz.
    
A ocupação Prestes Maia é gerenciada pelo Movimento de Moradia Luta por Justiça 
(MMLJ), que cobra R$ 105 por família - o valor foi confirmado à BBC Brasil por 
outros moradores.

Em outras ocupações, sem-teto pagam até R$ 400 mensais por uma vaga. Movimentos 
de moradia dizem que o valor não se trata de aluguel, mas sim de uma taxa que 
banca manutenção do edifício, limpeza e despesas com advogados.

Nesta quinta, a Polícia Civil afirmou que vai investigar a "cobrança de 
aluguel" por movimentos sociais de moradia.

"Há movimentos que são sérios, e que usam esse valor de forma correta. Mas há 
outros que realmente exploram os imigrantes, cobrando taxa sem dar nenhum 
retorno. É preciso separar quem é sério de quem não é", diz Haydu.

'Luta por moradia'

No 14º andar da ocupação da Prestes Maia, vive a família de Angela (nome 
fictício), peruana de 50 anos. Ela e o marido vendem artesanato no centro de 
São Paulo. 

Quando procuraram alugar uma casa, empacaram em uma barreira inesperada: os 
locatários não aceitavam locar um espaço para um casal com duas crianças 
pequenas.

"É muito estranho: dizem que seus filhos vão estragar a casa, vão fazer 
barulho, dão um monte de desculpas. Eu só conseguiria se pagasse mais caro", 
conta. Pagar mais de R$ 1.000 de aluguel estava fora de cogitação para uma 
família com uma renda mensal de R$ 1.500, "nos meses bons", diz Angela.. 

Preferiram a ocupação.
    
"A situação dos imigrantes é muito parecida com a dos brasileiros que vão para 
ocupações. Eles não têm emprego formal e ganham pouco fazendo bicos. Com renda 
baixíssima, não conseguem acessar o mercado legal de aluguéis, que exige 
dinheiro e uma série de burocracias", explica Diana Thomaz, doutoranda na 
universidade canadense Wilfrid Laurier.

Thomaz passou seis meses em São Paulo, pesquisando os motivos que levam 
refugiados e imigrantes em alta vulnerabilidade social a ocupações sem-teto.

Segudo ela, os estrangeiros chegam aos prédios sem entender do que é um 
movimento por moradia. "Eles querem apenas um local para ficar. Há alguns 
grupos que explicam didaticamente o que siginifica o movimento, mas nem todos 
os estrangeiros aderem à luta de forma assídua", explica.

Antes de entrar na ocupação Prestes Maia, todo morador passa por um "grupo de 
formação" para entender como funciona o movimento. O MMLJ diz que a fila de 
espera por uma vaga é de quatro meses.
   Direito de imagem Leandro Machado/BBC Brasil  Image caption  Moradores 
passam por "grupo de formação" antes de entrar na ocupação Prestes Maia  
Déficit habitacional

Segundo a prefeitura, São Paulo tem um déficit habitacional de 358 mil 
moradias. Famílias chegam a esperar décadas por uma unidade social.

Dados da prefeitura apontam que 46 mil pessoas moram nas 206 ocupações na 
cidade.

A prefeitura diz que apoia imigrantes, com emissão de documentos e vagas em 
abrigos. Eles também têm direito à auxílio-moradia de R$ 400, caso se encaixem 
nos critérios do benefício, como renda e situação de vulnerabilidade. 

Segundo Fernando Chucre, secretário municipal de Habitação, as famílias 
estrangeiras do edifício Wilton Paes de Almeida foram cadastradas e estão 
recebendo atendimento da prefeitura.

Família distante

Uma das 70 ocupações do centro de São Paulo, na rua Cesário Motta Júnior, é 
quase integralmente formada por imigrantes africanos e haitianos.

Na porta, o angolano Alexandre Kikos, de 38 anos, conta à BBC Brasil por que 
resolveu morar no local. "Eu pagava R$ 750 por uma casa em Itaquera. Era um 
preço muito alto, ainda mais depois que perdi o emprego", diz ele, que 
trabalhava como auxiliar em uma empresa de transportes.

Desempregado, Kikos hoje atua como porteiro da ocupação. Ele interrompe a 
entrevista para mandar uma mensagem para sua mulher. "Ela ficou em Angola, 
junto com minhas duas filhas. Eu mandava dinheiro para elas, mas hoje não 
consigo mais", diz. 

Faz dois anos que ele não vê a família.

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http://reporterbrasil.org.br/ 2018/05/condenado-por-trafico- ;
de-pessoas-empresario-chamou- de-oportunista-filipina- 
vitima-de-trabalho-escravo/


Condenado por tráfico de pessoas, empresário chamou de ‘oportunista’ filipina 
vítima de trabalho escravo
Por Piero Locatelli | 17/05/18 
Justiça do Trabalho condena empresário a pagar R$ 2,8 milhões por trazer 
doméstica filipina ao Brasil e se omitir quando ela foi vítima de trabalho 
escravo. Ela fugiu da casa onde trabalhava por maus tratos, fome e exaustão.
           
“Estou passando muito mal. Estou sem documentos, sem trabalho, sendo 
maltratada. É grande o trauma em mim”. A mensagem, escrita em inglês, chegou ao 
celular do empresário paulistano Leonardo Ferrada na manhã do dia 17 de abril 
de 2017. As palavras foram tecladas por uma imigrante das Filipinas que fugira, 
há poucos dias, de uma casa de alto padrão em São Paulo onde trabalhava como 
empregada doméstica.

Ferrada havia agenciado a vinda da filipina ao Brasil cerca de um mês antes. 
Ela aguentou apenas 26 dias na casa dos patrões, onde trabalhava todo o período 
em que estava acordada, com almoços que não podiam passar de quinze minutos. 
Uma situação que mais tarde seria caracterizada como trabalho escravo por 
auditores-fiscais do Ministério do Trabalho.

“Prefiro morrer do que confiar outra vez [nos antigos patrões]”, dizia a 
filipina em mensagens para o agenciador. Em resposta ao pedido de ajuda, 
Ferrada fez a “mediação” entre as partes. Ele concordou que os patrões deveriam 
pagar pela passagem da trabalhadora de volta à Venezuela, onde ela estava antes 
de vir ao Brasil. Mas negou ajuda para conseguir o pagamento pelos 26 dias 
trabalhados. “Concordo com a passagem de volta, mas com os 26 dias de trabalho 
não”, escreveu Ferrada. Quando a filipina insistiu neste ponto, o agenciador a 
chamou de oportunista: “Do meu ponto de vista, você está sendo oportunista. 
Quero ajudar, mas está complicado.”

Agência de empregos condenada por intermediar a contratação de filipinas e 
depois ignorar exploração sofrida em casas de alto padrão (FOTO: Reprodução)

Pouco mais de um ano depois, as mensagens foram citadas na sentença que levou à 
condenação de Ferrada e sua empresa, a Global Talent. O empresário e a agência 
de emprego foram condenados a pagar R$ 2,8 milhões de reais por tráfico de 
pessoas para exploração de trabalho e omissão no caso de trabalho escravo.. A 
decisão, que levou em conta os casos de 70 imigrantes filipinas que teriam sido 
trazidas ao Brasil por Ferrada, foi proferida no dia dia 9 de maio pelo juiz 
Luis Fernando Feóla, da 5ª Vara do Trabalho de São Paulo.


“Do meu ponto de vista, você está sendo oportunista. Quero ajudar, mas está 
complicado”, disse, em mensagem, o condenado à filipina


Procurado pela reportagem, o empresário se manifestou através de nota enviada 
pelo seu advogado, na qual afirma que vai recorrer da sentença. “Temos pleno 
respeito à decisão judicial, contudo, reafirmamos a total inocência da empresa 
Global Talent”, afirma em nota (leia na íntegra).

A Global Talent foi considerada responsável por agenciar trabalhadoras que 
sofreram ameaças, foram impedidas de sair das casas, tiveram seus documentos 
retidos e ficaram meses sem descanso, algumas chegaram a ser hospitalizadas 
devido à exaustão. Houve um caso de trabalhadora que comeu a comida que era 
servida aos cachorros. Ainda que a situação, à época, tenha sido classificada 
como análoga ao trabalho escravo, a Global Talent não foi responsabilizada por 
esse crime.

A agência foi fundada em 2014, com o nome de Work Global Brazil Documentação. 
Em seu site, ela anunciava no ano passado que “os trabalhadores filipinos são 
considerados em todo o mundo a melhor mão de obra especializada em serviços 
domésticos, com personalidade alegre, são sempre leais e confiáveis para 
cuidados com sua casa e sua família”. Desde então, a empresa trouxe cerca de 
180 empregadas para trabalhar em casas de famílias e em um hotel no Brasil..

O empresário  conta, em um vídeo no youtube, que teve a ideia de trazer as 
domésticas ao conhecer, em um vôo, um filipino que fazia um trabalho semelhante 
no Chile. Fazer o mesmo no Brasil seria uma “super ideia”, ele diz no vídeo.

Promessas falsas no aliciamento

No mesmo caso que Ferrada, também foram condenados o empresário filipino 
Aguilar Noel Muyco e a empresa Serviços de Domésticas e Babás Internacionais, 
que deverão pagar R$ 7 milhões em indenizações. Depois que as trabalhadoras 
eram recrutadas nas Filipinas por Muyco, a empresa de Ferrada as colocava em 
contato com os patrões e era responsável pela regularização delas no Brasil.

Anúncios feito por agências filipinas no Facebook prometiam conseguir visto 
para as trabalhadoras ficarem no Brasil (FOTO: Reprodução/Facebook)

O filipino teria atuado “intensamente” no esquema de tráfico de pessoas. Os 
anúncios feitos por eles para atrair as filipinas, segundo o juiz, continham 
“promessas irreais, impossíveis de cumprimento ante a legislação 
brasileira”, como o anúncio de que, após dois anos trabalhando, receberiam a 
residência permanente no país.

Muyco obtinha vistos para as trabalhadoras por meio de diversas fraudes. Uma 
delas era mentir sobre a qualificação das filipinas para que elas cumprissem os 
requisitos para a imigração de mão de obra qualificada. Vistos de turista e até 
de refugiados foram usados com a mesma intenção. Muyco não foi localizado para 
se manifestar sobre o caso.


A decisão da Justiça é importante porque quebra com a “tradição escravocrata” 
no setor doméstico no país, segundo a procuradora Christiane Lopes


Agora, as empresas estão proibidas de agenciar pessoas para trabalhar no Brasil 
sem visto de trabalho e sem que haja contrato previamente firmado no exterior 
com um empregador. Eles também estão impedidos de providenciar visto de 
refugiado ou de turista para estrangeiros com a finalidade de trabalho 
doméstico, prática até então usada pelos agenciadores.

Na prática, o alto valor das multas pode inviabilizar a atuação das empresas no 
Brasil.

Em sua sentença, o magistrado destina as multas a quatro entidades 
filantrópicas e a campanhas de esclarecimento dos direitos dos trabalhadores 
estrangeiros. 

As trabalhadoras não serão beneficiadas pelo valor da indenização. Elas 
aguardam o resultado de ações da Defensoria Pública da União, que pediu aos 
empregadores o pagamento das verbas rescisórias, danos morais e multas para 
cinco trabalhadoras.

Em mensagens obtidas pela Justiça do Trabalho, o empresário Leonardo Ferrada 
chama a trabalhadora de “oportunista” quando ela insiste em receber o pagamento 
(Foto: Reprodução/Linkedin)

A procuradora Christiane Lopes, uma das responsáveis pela ação do Ministério 
Público do Trabalho, diz que a decisão é importante porque quebra com a 
“tradição escravocrata” no setor doméstico no país. Segundo ela, historicamente 
o Brasil privou as trabalhadoras domésticas dos seus direitos trabalhistas, que 
sequer constavam na Constituição de 1988. Isso só teria mudado com a PEC das 
Domésticas, como ficou conhecida a emenda à Constituição que fixou direitos 
específicos para a categoria.. “Quando regulamenta a PEC, o que aparece? 
Agências trazem pessoas de nacionalidade filipina, que se dispõe a trabalhar em 
condições abaixo daquelas que tínhamos conseguido conquistar a duras penas”, 
afirma a procuradora.

Fome e exaustão

Algumas filipinas trazidas pela Global Talent passavam fome em casas e 
apartamentos em bairros de alto padrão na capital paulista, e trabalhavam até a 
exaustão. Elas chegavam a trabalhar 16 horas por dia, em jornadas que ocupavam 
todo o período em que estavam acordadas, segundo entrevistas dadas à Repórter 
Brasil em julho do ano passado.

Além desses abusos, elas também relataram sofrer maus tratos dos empregadores. 
A sujeira de um vidro já era suficiente para desencadear humilhações. “[A 
patroa] gritava comigo, me chamava de estúpida. Isso quando eu ainda estava me 
ajustando com a cultura daqui”, contou uma delas, à época.


“[A patroa] gritava comigo, me chamava de estúpida”, afirma a filipina vítima 
de trabalho escravo


As longas jornadas levaram mais de uma delas à exaustão. “Um dia, senti que ia 
desabar. Mesmo deitada, eu sentia que o mundo estava girando, só saí da cama 
para vomitar e ir ao banheiro”, contou uma delas, que saiu da casa dos patrões 
sem nenhum tipo de auxílio.

Em julho do ano passado, auditores-fiscais do trabalho constataram que ao menos 
três casos se tratavam de trabalho análogo ao escravo. O crime foi 
caracterizado pela combinação de jornada exaustiva, servidão por dívida e 
trabalho forçado.

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https://www.cocen.unicamp.br/noticias/artigo/345/prefeitos-discutem-imigracao-internacional-na-rmc

quarta-feira, 16/05/2018   Por Ana Paula Santos 
 Prefeitos discutem imigração internacional na RMC 
A presença dos imigrantes internacionais na Região Metropolitana de Campinas 
foi assunto principal na pauta da reunião do Conselho de Desenvolvimento, 
realizada hoje no município de Itatiba. Para discutir as causas e consequências 
do fluxo migratório internacional na Região, os Prefeitos receberam o Atlas 
Temático “Observatório das Migrações em São Paulo”, desenvolvido pela Unicamp e 
Fapesp. O trabalho foi apresentado pelo Magnífico Reitor da Unicamp – Prof. Dr. 
Marcelo Knobel e pela Prof. Dra. Rosana Baeninger, Presidente da “Cátedra 
Sergio Vieira de Melo”, criada com objetivo de produção de conhecimento sobre o 
tema dos refugiados e o debate para desenvolvimento de políticas públicas 
voltadas à essa população.

Elaborado para mapear os novos fluxos migratórios no Brasil e acompanhar as 
tendências da migração internacional de 2000 a 2015, o Atlas traz informações 
do SINCRE (Sistema Nacional de Cadastro e Registros), da Polícia Federal, do 
Ministério da Justiça, do Ministério do Trabalho e da RAIS (Relação Anual de 
Informações Sociais). De acordo com a Prof. Dra. Rosana Baeninger, nos últimos 
15 anos foram registrados 880 mil novos imigrantes no país. “Esse número traz 
desafios enormes em termo de políticas públicas, primeiro pela diversidade das 
nacionalidades e depois porque a imigração já não está mais concentrada só nas 
metrópoles, mas também nos municípios de porte menor”, diz, ressaltando que 
nesse período, dos 5.570 municípios brasileiros, 3.432 tiveram pelo menos um 
registro de imigrante internacional.

A Professora apresentou os números dos municípios da região Metropolitana de 
Campinas. “Nota-se que existe um eixo de São Paulo em direção à Campinas, com 
destaque para os bolivianos nas cidades de Americana, Indaiatuba, Nova Odessa e 
Santa Bárbara d’Oeste, mas também do continente africano nos municípios da RMC”,

O Reitor da Unicamp – Prof. Dr. Marcelo Knobel, destacou a parceria com a 
Agemcamp nas ações da Cátedra e a proximidade com os municípios da Região para 
desenvolvimento das políticas públicas para a população imigrante. “O apoio da 
Agemcamp tem sido fundamental para a Cátedra no sentido de integrar os 
municípios da Região nessa questão dos refugiados, que tem atingido proporções 
relativamente grandes, com ações que possam acolhê-los da melhor forma”.

Para o Presidente do Conselho de Desenvolvimento e Prefeito de Nova Odessa – 
Benjamim Bill, “é importante conhecer o perfil dessa população para que se 
possa elaborar políticas públicas específicas que as integrem e que atendam às 
suas necessidades em todos os aspectos, principalmente na área educacional e de 
Saúde”. Ele trata o tema como primordial e oportuno neste momento. “Este 
trabalho vem ao encontro de uma grande necessidade atual dos municípios, que 
tem recebido cada vez mais pessoas em situação de refúgio”, ressalta o 
Presidente Benjamim Bill.

PROGRAMA SAÚDE EM AÇÃO

As ações na área de Saúde também foram destaque na reunião do Conselho. A 
Vice-coordenadora do Programa Saúde em Ação – Fátima Palmeira Bombarda – e a 
gestora da área da arquitetura e engenharia do programa – Maria Cristina Jotten 
– apresentaram o cronograma de andamento das obras e o processo de entrega das 
novas unidades de UBS (Unidade Básica de Saúde) e CAPS (Centro de Atenção 
Psicossocial) aos municípios da RMC, que inclui finalização da obras, entrega 
de materiais, vistoria, capacitação da equipe e inauguração.

Até o momento, duas unidades foram entregues pelo programa na Região: em Sumaré 
a UBS ESF Bordon e CAPS AD Sumaré; em Campinas o Centro de Saúde Santos Dumont. 
De acordo com o cronograma, serão entregues ainda no primeiro semestre de 2018 
o CAPS Arte e Vida (Americana); UBS Jd. Conservani (Artur Nogueira); CAPS Nise 
da Silveira e UBS Dr. Henrique (Cosmópolis); CS Satélite Íris I (Campinas); UBS 
Jd. Amanda (Hortolândia); ESF Santa Margarida (Holambra); UBS Igor César e UBS 
Maria Ribeiro (Monte Mor); UBS Manoel de Oliveira (Nova Odessa); UBS Margarida 
(Pedreira); CAPS AD e UBS Elias do EX (Santa Bárbara d’Oeste) e ESF Veccon 
(Sumaré). A Diretora Executiva da Agemcamp – Ester Viana – ressalta que o 
programa Saúde em Ação é uma parceria inédita entre o Governo do Estado de São 
Paulo, o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e os 20 municípios da 
Região Metropolitana de Campinas.


=============================== 

http://diariodonordeste.verdes mares.com.br/mobile/cadernos/c ;
idade/ceara-lidera-solicitacoe s-de-refugiados-no-nordeste-1. 1927868


Ceará lidera solicitações de refugiados no Nordeste 
 
33.866 pedidos de refúgio foram abertos no Brasil somente em 2017, e 587 
reconhecidos
        O empresário e refugiado sírio Samer Albadeen, no seu food truck, 
localizado no Imprensa Food Square, no bairro Dionísio Torres ( Foto: JL Rosa ) 
 
 01:00 · 23.04.2018 por  Theyse Viana - Repórter  
 Agredidos e expulsos de seus lugares apenas por serem quem são: essa é a 
realidade de 157 pessoas que vivem no Ceará após terem deixado seus países de 
origem ou de residência "devido a fundado temor de perseguição por motivos de 
raça, religião, nacionalidade, grupo social, opiniões políticas ou grave e 
generalizada violação de direitos humanos". Os dados são da Secretaria Nacional 
de Justiça (SNJ), e apontam ainda que, no País, 10.145 pessoas foram 
reconhecidas como refugiadas, em 2017, e mais de 86 mil solicitações estavam em 
trâmite - caminho longo e burocrático para obtenção de cidadania e direitos.

 Conforme levantamento da SNJ, 33.866 pedidos de refúgio foram abertos no 
Brasil em 2017, e 587 foram reconhecidos pelo Comitê Nacional para os 
Refugiados (Conare). A maioria das solicitações, segundo a SNJ, vem de 
Venezuela, Cuba e Haiti, enquanto os sírios (310), congoleses (106) e 
palestinos (50) lideram o número de reconhecimentos concedidos no ano passado.

 Em toda a Região Nordeste, o Ceará é o estado com maior número de pedidos de 
refúgio reconhecidos, com 157 aprovações. Em seguida, Bahia, com 65; 
Pernambuco, com 61; e Maranhão, com apenas 28, completam a lista. Dentre os que 
encontraram lar e apoio na capital cearense - e compondo os 39% de sírios que 
moram no Brasil - está Samer Al Badeen, 26, que vive em Fortaleza desde 2014, 
quando "veio fugir da guerra" que assolava a capital da Síria, Damasco.

 Dificuldade

 "Cheguei aqui na Copa do Mundo e fiquei. Saí do meu país para fugir da guerra, 
mas deixei lá meu pai, minha mãe e meus dois irmãos. Eles estão bem, mas desde 
aquele ano não os vi mais", relata Samer, com um português fluido, apesar de 
trôpego nas conjugações verbais e na falta que sente da família. A língua, 
aliás, relembra o sírio, foi a maior dificuldade de adaptação que encontrou no 
início - mas agora, com o idioma praticamente dominado, é em Fortaleza que 
pretende continuar.

 Atualmente, após ter pedido e tido concedida a solicitação de status de 
refugiado no Estado, o sírio é proprietário de um foodtruck de comida árabe 
localizado no bairro Dionísio Torres.

 Perfil

 Homens da faixa etária dele, entre 18 e 29 anos, totalizam 33% dos que saíram 
de seus países para morar no Brasil, e a maioria absoluta dos reconhecidos 
também é do gênero masculino (71%), enquanto as refugiadas somam 29%.

 Desafio

 No cenário cearense, a realidade se repete, embora "cresça o número de 
mulheres que vêm em busca de melhores condições de vida", como aponta a 
coordenadora da Pastoral do Migrante, irmã Idalina Pellegrini. É no segmento 
social da Igreja Católica que cerca de 30 imigrantes da Síria, Cuba, Haiti, 
Paquistão, África e Venezuela encontram, semanalmente, apoio e orientação para 
se estabelecerem no novo local. "Um dos grandes desafios é quando chegam sem 
nenhuma referência e precisam desde o básico, como moradia e alimentação. Não 
há abrigos ou instituições para este tipo de acolhimento em albergues do Estado 
ou do Município", lamenta Pellegrini.

 De acordo com o Ministério da Justiça, por meio do decreto nº 9.277/18; até 
outubro de 2018, os estrangeiros que solicitarem o reconhecimento da condição 
de refugiados à Polícia Federal (PF) terão direito ao Documento Provisório de 
Registro Nacional Migratório, a partir do qual os estrangeiros e suas famílias 
podem acessar os serviços públicos de educação, saúde, previdência e 
assistência social e solicitar emissão de Cadastro de Pessoa Física (CPF).
 


[mensagem organizada por Helion Póvoa Neto]






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