[colombiamigra] Fw: [NIEM] Brasil - imigração

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  • Date: Sun, 29 Oct 2017 19:55:30 +0000 (UTC)

 

   ----- Forwarded Message ----- From: 'niem.migr' NIEM.migr@xxxxxxxxx 
[niem_rj] <niem_rj@xxxxxxxxxxxxxxxxxx>To: "niem_rj@xxxxxxxxxxxxxxxxxx" 
<niem_rj@xxxxxxxxxxxxxxxxxx>Sent: Thursday, October 26, 2017, 5:05:23 AM 
GMT-5Subject: [NIEM] Brasil - imigração
     




http://www.unicamp.br/unicamp/ ju/noticias/2017/08/16/o-drama ;
tico-vai-e-vem-dos-haitianos

 16 AGO 2017 | 11:17ESPECIAL
Causadas por fatores econômicos e geopolíticos, idas e vindas  são mapeadas por 
pesquisadora

TEXTO
LUIZ SUGIMOTO 
FOTOS
ANTONINHO PERRI | REPRODUÇÃO 
EDIÇÃO DE IMAGEM
LUIS PAULO SILVA
​​ A imigração haitiana no Brasil passou por vários momentos desde sua 
intensificação a partir de 2010, ano do terremoto que destruiu o Haiti. Nesses 
sete anos, mais de 90.000 haitianos entraram e se espalharam pelo país, 
enfrentando uma difícil trajetória, na condição de trabalhador imigrante, para 
sua inserção no mercado. Já em 2015, mas principalmente no início do ano 
passado, a crise econômica brasileira gerou um movimento de saída de haitianos, 
tendo Estados Unidos e Chile como destinos preferenciais. E agora, com o 
fechamento da fronteira por Donald Trump e a falta de perspectivas em terras 
chilenas, percebe-se uma nova onda de haitianos voltando ou vindo pela primeira 
vez ao Brasil – não mais por terra, e sim pelos aeroportos, portando vistos e 
por tempo indeterminado.

Todo esse dramático vai e vem dos haitianos foi acompanhado desde o início por 
Marília Lima Pimentel Cotinguiba, professora da Universidade Federal de 
Rondônia (UNIR) e pós-doutoranda do Núcleo de Estudos de População (Nepo) da 
Unicamp. “Em 2011 começamos uma pesquisa junto a imigrantes que entraram pela 
tríplice fronteira norte (Brasil-Peru-Bolívia). A chegada, passagem e 
circulação dos haitianos transformou a dinâmica das cidades acreanas de 
Brasileia, Epitaciolândia e Assis Brasil, que fazem fronteira com Cobija na 
Bolívia e Iñanpari no Peru. Na época, viajei cinco vezes até a fronteira para 
entender por que eles estavam chegando, como conduziam a documentação, o que 
vinham fazer no Brasil e como eram acolhidos.”
 A professora Marília Pimentel, autora da pesquisa: “A Cátedra para Refugiados 
que a Unicamp vai oferecer é um enorme salto tanto para refugiados como para 
imigrantes de modo geral”
Segundo dados levantados por Marília Pimentel, 37.864 haitianos entraram por 
essa fronteira de 2010 a 2015, na condição de indocumentados. “Inicialmente, 
essa população imigrante solicitava refúgio, mas as solicitações não eram 
enviadas para o Conselho Nacional de Refugiados (Conare) e sim para o Conselho 
Nacional de Imigração (CNIg) do Ministério do Trabalho e Previdência Social, 
convertendo os haitianos em ‘trabalhadores imigrantes’ no país. O visto 
humanitário foi a solução encontrada pelas autoridades brasileiras, 
vinculando-o a uma questão de acolhimento dessa população por questões 
humanitárias, diferentemente de outros fluxos migratórios internacionais.”

A professora Rosana Baeninger, coordenadora do Observatório das Migrações em 
São Paulo e supervisora de Marília no pós-doutorado, afirma que há muita 
confusão em relação aos haitianos, que são vistos na categoria dos refugiados. 
“Na verdade, eles chegaram à fronteira solicitando refúgio, mas é natural que 
as autoridades não tenham concedido o visto de refugiado para imigrantes de um 
país onde se encontra uma missão de paz brasileira. Passados sete anos, 
oficialmente, a imigração haitiana ainda é atribuída ao terremoto, quando na 
verdade se trata de um movimento histórico, que começou por Estados Unidos, 
Canadá, França e ilhas caribenhas como República Dominicana, Cuba e Bahamas.”

A busca por trabalho foi o principal motivo para vir ao Brasil, como apontado 
pelos haitianos nos questionários aplicados por Marília Pimentel. “Nosso país 
se preparava para sediar a Copa do Mundo e havia muitas obras, sendo que eles 
são fanáticos pelo futebol brasileiro – um ano antes do terremoto, a seleção 
jogou no Haiti. A presença de tropas brasileiras naquele país, transmitindo 
informações sobre o Brasil, também influenciava a migração. Com o endurecimento 
das fronteiras nos destinos preferenciais, os haitianos passaram então a vir 
para cá, alguns de passagem para a Guiana Francesa.”

Um momento dessa imigração bastante noticiado pela mídia, como lembra a 
pesquisadora, foi quando o governo do Acre fretou ônibus para enviar haitianos 
a São Paulo; outro foi da contratação de haitianos pela agroindústria e 
construção civil do Sul. “Visitamos Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, 
seguindo haitianos que entraram pela tríplice fronteira. Em 2012, o limite foi 
de 1.200 vistos humanitários, quantidade ampliada no ano seguinte com uma nova 
resolução que previa, ainda, a retirada de vistos no próprio consulado do 
Brasil no Haiti – a finalidade era livrá-los das rotas dos coiotes, o que não 
se cumpriu por causa da incapacidade de atender à demanda; temos fotos com mais 
de 300 pessoas dormindo na fila da embaixada.”


Rumo a EUA e Chile

Marília Pimentel observa que a partir de 2015, devido à crise econômica e a 
problemas com obras inacabadas da Copa do Mundo, haitianos começaram a deixar o 
Brasil tentando uma rota para os EUA através de países das Américas do Sul e 
Central, até o México. “Barack Obama, na transição do governo para Donald 
Trump, concedeu vistos para trabalho a imigrantes, o que atraiu haitianos que 
rescindiram seus contratos com empresas brasileiras e os já desempregados. 
Trocaram cada real por dólar e saíram pagando táxis e coiotes – alguns morreram 
no caminho. Ocorre que Trump, ao assumir, passou a prendê-los e deportá-los 
para o Haiti. Conheço cerca de 50 participantes do nosso projeto de ensino de 
português que estão presos há meses na fronteira americana.”
 Fronteira Brasil/Peru, em 2014: táxis entram com imigrantes haitianos
Segundo a professora, haitianos tomaram o rumo também do Chile – para onde já 
existe uma migração antiga – embarcando nos aeroportos de São Paulo e Manaus. 
“Nesse pós-doutorado, fiz uma pesquisa de campo em Santiago e vi haitianos 
enfrentando a xenofobia e inúmeros problemas, pois lá só consegue emprego quem 
chegar com contrato assinado; muitos trabalham como ambulantes, vendendo comida 
e mercadorias trazidas por peruanos, que são igualmente indocumentados. Há 
ainda a dificuldade com moradia: visitei bairros da periferia onde haitianos e 
dominicanos moram em galpões divididos em cubículos em que cabem apenas cama e 
cômoda, sem cozinha e com banheiro coletivo, pelo equivalente a até 700 reais. 
Reencontramos haitianos que estavam juntando dinheiro para a passagem de volta 
ao Brasil.”

Marília já está observando casos de imigrantes deportados para o Haiti – e 
também de quem nem tentou entrar nos EUA – que decidiram vir para o Brasil. 
“Encontrei 84 deles no aeroporto de Manaus, vindos diretamente de Porto 
Príncipe e com visto por tempo indeterminado. Eles não precisam mais atravessar 
a fronteira, já que conseguem o visto lá mesmo no Haiti. Quando começaram a 
sair daqui, achei que essa imigração cessaria, mas o que vemos é uma nova onda. 
Creio que os haitianos, que possuem sua rede de informações, sabem que o visto 
humanitário ainda em vigor pode não ser renovado, e por isso estão 
intensificando a vinda.”


A língua e a Cátedra

A docente da UNIR é da área de linguística e aprendeu o crioulo durante a sua 
pesquisa, como forma de superar a maior barreira encontrada em suas idas 
iniciais à tríplice fronteira. “Nós nos deparamos com empresários de outras 
regiões, sobretudo do Sul e Sudeste, recrutando trabalhadores haitianos e, nas 
entrevistas, observamos que o grande entrave era língua. Ali na fronteira 
sempre houve a circulação de bolivianos e peruanos, sendo muito comum o 
portunhol, mas os haitianos falam majoritariamente o crioulo, seguido do 
francês. Isso levava os empresários a selecionarem aqueles que já tivessem 
noções de português ou falassem um pouco do espanhol aprendido em países 
vizinhos caribenhos, onde eles também buscam trabalho.”

Para a professora, além da questão linguística, outra grande dificuldade para 
os haitianos interagirem no país está na educação. “Constatamos que muitos 
deles desejam continuar estudando. Conheci médicos, advogados e outros 
profissionais que querem convalidar o diploma para trabalhar em suas áreas, mas 
não conseguem. Por isso, a Cátedra para Refugiados que a Unicamp vai oferecer 
representa um enorme salto tanto para refugiados como para imigrantes de modo 
geral. Eles são de várias nacionalidades, com culturas muito diversas. Uma 
coisa é ensinar o português sob a lógica da cultura brasileira, outra é ensinar 
sob a lógica de uma cultura diferente.”
 Haitianos durante aula de português, em 2012
Marília explica que, em sua área de estudos, entende-se que ensinar uma língua 
é ensinar uma cultura. “Não é possível dissociar língua e cultura. Dei um 
minicurso na Universidade Federal da Fronteira Sul, que reserva vagas para 
refugiados e imigrantes, sendo que haitianos conseguiram entrar em cursos como 
de engenharia. Mas houve críticas de professores contra a abertura dessas 
vagas, por que os estrangeiros não estariam acompanhando o ritmo dos demais. Na 
verdade, o problema não está em acompanhar o conhecimento da área, está na 
língua: qual é o preparo que os professores têm para dar um mergulho na cultura 
dos refugiados e imigrantes? Estou na pesquisa com os haitianos há seis anos e 
ainda não sei tudo.”

Segundo a linguista, os nossos cursos de língua não estão preparados para 
atender à nova demanda que os diferentes fluxos migratórios estão trazendo, que 
é a de preparar melhor os professores para esse enfrentamento. “Ao iniciar um 
projeto de ensino de português para senegaleses, haitianos e bengaleses, 
constatei que todos os materiais disponíveis são importados de Portugal (do 
Instituto Camões), ou então produzidos para o estrangeiro que vem trabalhar em 
multinacionais, com vocabulário muito específico. Havendo uma heterogeneidade 
tão grande, como receber a todos em uma sala? Esse é o grande desafio para a 
Cátedra da Unicamp. Essa pesquisa com os haitianos me deu maior aprofundamento 
e um novo olhar para o ensino da língua.”


Dicionário em construção

Marília Pimentel afirma que o aprendizado do crioulo também é constante e 
sente-se travada quando volta a conversar com haitianos. “Na tríplice fronteira 
encontramos um haitiano pedagogo que já falava inglês, francês e espanhol, além 
do crioulo, e aprendeu português muito rapidamente. Ele foi nosso interlocutor 
no início das pesquisas, mas percebemos que aquela mediação não era confiável, 
por conta de distorções e omissões em sua tradução. Tratamos então de entender 
o crioulo recorrendo a uma troca com os próprios haitianos: ensinávamos uma 
palavra em português e eles a devolviam em crioulo, mostrando escrita e 
pronúncia. Estamos construindo um dicionário português-crioulo, inexistente no 
Brasil, que já possui mais de três mil verbetes.”



[link para video]




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http://www.folhabv.com.br/noticia/Pesquisa-revela-perfil-intolerante-de-boa-vistenses-com-venezuelanos/33484




 Pesquisa revela perfil intolerante de boa-vistenses com venezuelanos    
   Maioria dos moradores de Boa Vista acredita que as autoridades não devem 
mais permitir a entrada de venezuelanos no Brasil   Por Paola Carvalho  Em 
24/10/2017 às 01:10         Avaliação é que boa-vistense vê o venezuelano como 
uma ameaça para seu emprego (Foto: Nilzete Franco)   
O Instituto Unama, entidade ligada ao Grupo Ser Educacional, divulgou 
informações da pesquisa “A Percepção do Boa-Vistense Sobre o Convívio com 
Estrangeiros”. Os dados fazem parte da primeira série de pesquisas que serão 
divulgadas na Folha, após parceria com o Grupo Folha de Comunicação.

Foram realizadas 626 entrevistas durante os dias 17 e 18 de outubro de 2017, 
com pessoas com mais de 16 anos residentes na Capital. A amostra dos 
entrevistados foi selecionada primeiramente a partir de setores censitários e, 
em seguida, por um número fixo de pessoas de acordo com sexo e faixa etária.

A princípio, a pesquisa abordou questões sobre a moradia e empregabilidade em 
Boa Vista. Do total de entrevistados, 54% se diz “feliz” de morar na Capital, 
com 54% dos entrevistados se dizendo “com orgulho de ser roraimense” e 39% 
afirmando que não nasceram no Estado. Os que não nasceram no Estado relataram 
que são do Maranhão (27,7%), do Pará (15,7%) e do Amazonas (8,7%).

Os entrevistados também declararam que Boa Vista é uma cidade acolhedora, com 
muitas pessoas de fora morando na cidade e que existem muitas oportunidades 
econômicas, com 50% relatando que aconselhariam positivamente a capital para 
algum brasileiro residente de outro Estado que estivesse procurando por uma 
melhor oportunidade. Com relação ao preconceito, 82% dos residentes na Capital 
declararam que não são racistas.

ESTRANGEIROS – Sobre a Venezuela, a maioria dos entrevistados (63%) informou 
que já foi ao país, sendo o principal ponto visitado a cidade de Santa Helena 
de Uairén (62,1%), na fronteira com Pacaraima, e a Ilha de Margarita (8,4%). 
Dos que já foram ao país vizinho, 33% relataram um bom recebimento. Em seguida, 
os entrevistados avaliaram o recebimento como indiferente, com 25%, e mal, com 
20%.

Apesar de acreditarem que foram bem recebidos na Venezuela, os entrevistados 
declararam, na sua maioria, que não consideram o povo venezuelano como amigo do 
povo brasileiro, com 61% do índice total.

Os entrevistados afirmaram ainda que a imagem que possuem da Venezuela é que o 
país é “um caos, desorganizado”, com um povo sofrido. Os moradores de Boa Vista 
dizem que sabem que existem muitos estrangeiros vivendo na Capital e acreditam 
que o motivo da vinda ao Brasil é “em busca de refúgio e para fugir da crise”.

Quase uma unanimidade, um índice de 95% dos entrevistados, relatou que tem 
ciência da forte crise política que o país está vivendo, no entanto, a maioria 
deles, com 48%, afirmou que “não procura” saber informações sobre a crise 
política.

Sobre o contato com estrangeiros, a maioria dos residentes da Capital (56%) 
afirmou que não conversa com venezuelanos e que, ao encontrar com estrangeiros, 
a maioria, 78% ‘sente vontade de ajudar’, porém, um alto índice (52%) relata 
‘desconforto’ e 46% ‘medo’ dos imigrantes.

AJUDA AOS ESTRANGEIROS – Com relação a uma possível ajuda do Governo Federal 
aos venezuelanos, os entrevistados (64%) relataram que acreditam que o Estado 
brasileiro deveria auxiliar os estrangeiros, sendo a principal sugestão “dar 
trabalho e gerar empregos”, com 45,9%; seguida de “oferecer abrigo e moradia”, 
com 17%; e com alimentos e roupas, com 8,6%.

Questionados diretamente se o país deveria auxiliar financeiramente os 
estrangeiros, a maioria (72%) relatou que não. Sobre a afirmação de que “as 
autoridades brasileiras não devem mais permitir a entrada de venezuelanos no 
Brasil”, os entrevistados relataram que 39% concordam com a opinião e 27% 
concordam parcialmente com o dado, mesmo tendo ciência da grave crise econômica 
que o país enfrenta e a forma como os venezuelanos estão vivendo no país, 
refugiados, em situação de rua e mendicância.

AVALIAÇÃO DA PESQUISA – O doutor em Ciências Políticas e um dos coordenadores 
de Estudos e Pesquisas da Unama, Adriano Oliveira, explicou que a pesquisa 
revela uma presença de certa intolerância com os venezuelanos. “Quando nós 
perguntamos se os entrevistados indicariam que brasileiros viessem morar aqui, 
há um bom convívio. No caso dos venezuelanos, nós não percebemos isso. Acredito 
que isso seja motivado pela situação que a própria pesquisa mostra, que é uma 
certa intolerância com os venezuelanos”, disse Adriano.

“Os entrevistados veem os venezuelanos como uma ameaça para seus empregos. 
Acredito que a atual situação degradante em que os estrangeiros estão em Boa 
Vista, essa paisagem social negativa, com pessoas desamparadas, também provoca 
sentimentos negativos por parte dos brasileiros”, acrescentou.

Para o especialista, uma possível solução para o problema seria o trabalho do 
poder público na tolerância da população com os estrangeiros. “O Brasil precisa 
ser exemplo. A segunda questão é o Estado ter uma política de imigração, de 
ajuda aos venezuelanos, mas desconfio que essa política possa gerar mais 
desconfiança. Então é preciso ser feita com muita cautela para que os 
brasileiros não criem a imagem de que o Governo quer ajudar somente aos 
venezuelanos e não a população”, frisou. (P.C)
 
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http://www.anba.com.br/ noticia/21876634/tecnologia/ ;
instituto-do-recife-oferecera- intercambio-para-arabes/




 20/10/2017 - 07:00hs    
        
Instituto do Recife oferecerá intercâmbio para árabes

Câmara Árabe e Conselho dos Embaixadores Árabes farão parceria com centro de 
inovação para atrair estudantes para experiência em Pernambuco. Eles integrarão 
programa que cria soluções para problemas da sociedade e empresas.
Isaura Daniel, enviada especial
isaura.daniel@xxxxxxxxxxx

 
 
     
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Isaura Daniel/ANBA
  
 Cavalcante e Hannun falaram sobre o CESAR 
 
 Recife – Jovens universitários árabes terão a oportunidade de participar de um 
programa de desenvolvimento de talentos de Pernambuco chamado Summer Job. A 
ideia da participação dos árabes foi lançada nesta quinta-feira (19) durante 
visita de diplomatas árabes e africanos ao Centro de Estudos e Sistemas 
Avançados do Recife (CESAR).
 
 O CESAR é um centro de inovação que faz parte do parque tecnológico Porto 
Digital e o Summer Job é uma das suas ações Ele traz para o centro jovens do 
Brasil e do exterior para uma experiência de seis semanas na qual eles criam 
soluções para problemas da sociedade ou de empresas, com uso de tecnologia e 
design.
 
 A integração dos árabes ao programa foi sugerida pelo presidente da Câmara de 
Comércio Árabe Brasileira, Rubens Hannun, e deve ser levada adiante pela 
entidade em parceria com as embaixadas e com o CESAR. “O papel dos embaixadores 
e da Câmara é de abrir as portas para acordos”, disse Hannun à ANBA.
 
 O superintendente do CESAR, Sérgio Cavalcante, conta que o Summer Job foi 
aberto para estrangeiros pela primeira vez em julho deste ano. Vieram 
estudantes de universidades dos Estados Unidos e entre eles estavam dois 
árabes, do Egito e da Jordânia. “Eles identificam problemas que se tornam uma 
oportunidade, prototipam soluções, validam, e têm toda a mentoria para que 
possam realizar isso em seis semanas”, diz Cavalcante.

 
     
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Isaura Daniel/ANBA
  
 Diplomatas conheceram o Porto Digital 
 
 Os estudantes estrangeiros participam do programa com alunos brasileiros e se 
integram em equipes. “Essa diversidade faz com que a gente consiga resolver 
problemas complexos com soluções inovadoras simples”, afirma Cavalcante. Ele 
diz que tem expectativas altíssimas em trazer excelente alunos árabes. “Para 
trabalharem conosco e voltarem para seus países e poderem desenvolver soluções 
para as suas sociedades”, diz.
 
 Os problemas e estudantes não precisam ser da área de tecnologia. Já foram 
trazidos problemas diversos, desde questões de saúde pública até transporte. 
Saiu do programa, por exemplo, a criação de aplicativos que ajudaram a reduzir 
os acidentes de trânsito com motos em Pernambuco.

 A próxima edição do Summer Job será em janeiro e Cavalcante acredita que os 
árabes já possam participar. “É uma excelente iniciativa, vai abrir espaço para 
os jovens brasileiros de Pernambuco e dos países árabes ampliarem a integração 
na esfera científica e técnica. Com isso podem encontrar soluções criativas 
para problemas existentes em ambas as sociedades”, disse o decano do Conselho 
dos Embaixadores Árabes no Brasil, que é também embaixador da Palestina, 
Ibrahim Alzeben.

 
     
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Isaura Daniel/ANBA
  
 Encontro foi encerrado com foto conjunta 
 
 A ideia da parceria foi lançada ao final da visita ao CESAR. Antes o grupo de 
diplomatas árabes e africanos ouviu uma apresentação do presidente do centro 
sobre o que é o Porto Digital. O parque tem 16 anos e abriga 299 empresas, que 
empregam 9 mil pessoas. De acordo com Cavalcante, o propósito é criar um 
ecossistema de alta tecnologia e o CESAR é uma das suas âncoras, que oferece 
identificação de oportunidades, soluções inovadoras para clientes, projetos de 
desenvolvimento de novos produtos e serviços, criação de empresas, e promove 
educação na área.
 
 Um dos objetivos do centro é fazer com que as pessoas sejam mais produtivas. O 
CESAR defende a inovação por meio de um processo que começa pelo estudo e 
pesquisa do problema, passando para a realização de protótipos e avaliações, 
seguidas do desenvolvimento do produto ou serviço e então comercialização e 
depois captura de dados de uso.

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https://www.conjur.com.br/2017 -out-16/valerio-mazzuoli-bem- ;
ou-mal-battisti-nao-extraditad o





Bem ou mal, Cesare Battisti não pode mais ser extraditado
 16 de outubro de 2017, 11h31
Por Valerio de Oliveira Mazzuoli

O Supremo Tribunal Federal, quando julga procedente um pedido de extradição, o 
faz apenas em termos autorizativos. É dizer, não executa a medida 
extradicional, senão apenas autoriza o presidente da República a proceder na 
entrega do extraditando, o que poderá ocorrer ou não. A Corte manifesta-se tão 
somente sobre a legalidade e procedência do pleito extradicional, nada mais.[1] 
Daí popularmente se dizer que o Supremo, quando diz não, é não, e quando diz 
sim, é talvez. Uma vez, porém, exercida a faculdade presidencial, a preclusão 
opera, não havendo que se falar em renovação do pleito pelo Estado estrangeiro, 
fundamentado no mesmo fato.

É certo que a só existência de tratado de extradição entre dois Estados (como é 
o caso de Brasil e Itália) indica que deva o presidente da República 
operacionalizar a entrega do extraditando ao Estado requerente. O tratado, 
conduto, pode prever exceções ao deferimento da entrega, como faz o Tratado de 
Extradição firmado entre os dois países em 1989, ao prever que “[a] extradição 
não será concedida: (…) se a Parte requerida tiver razões ponderáveis para 
supor que a pessoa reclamada será submetida a atos de perseguição e 
discriminação por motivo de raça, religião, sexo, nacionalidade, língua, 
opinião política, condição social ou pessoal; ou que sua situação possa ser 
agravada por um dos elementos antes mencionados”, bem assim que “[a] extradição 
tampouco será concedida: (…) se houver fundado motivo para supor que a pessoa 
reclamada será submetida a pena ou tratamento que de qualquer forma configure 
uma violação dos seus direitos fundamentais” (art. 3º, 1, f; art. 5º, b, 
respectivamente).

Frise-se que foi com base em tais dispositivos (especialmente no art. 3º, 1, f, 
do Tratado Brasil-Itália) que o então Presidente da República Luiz Inácio Lula 
da Silva – seguindo parecer pouco ortodoxo da Advocacia-Geral da União – 
decidiu por não extraditar o cidadão italiano Cesare Battisti, cuja extradição 
havia sido deferida pelo STF em 18 de novembro de 2009.[2]

Era evidente, à época já dizíamos, que os motivos pelos quais o chefe do Poder 
Executivo baseou-se para não extraditar Battisti não se subsumiam a qualquer 
dispositivo do Tratado Brasil-Itália, a não ser por ilação forçada, pois 
nenhuma prova havia de que seria o extraditando “perseguido”, “discriminado” ou 
que seria submetido a “pena ou tratamento que de qualquer forma configure uma 
violação dos seus direitos fundamentais”. A decisão palaciana baseou-se em 
meras notícias jornalísticas veiculadas na Itália, segundo as quais ali haveria 
comoção política em favor do encarceramento de Battisti. Seja como for, certo é 
que o então presidente seguiu parecer da Advocacia-Geral da União, que, à 
evidência, deveria ter sido exarado em termos diametralmente diversos.

Naquela ocasião, o governo italiano, inconformado, propôs Reclamação (Rcl. 
11.243) que não foi conhecida pelo STF, além de Petição Avulsa com o fim de 
anular o ato presidencial. O Supremo, ao final, na Sessão Plenária de 8 de 
junho de 2011, entendeu, por maioria, que o ato do presidente da República que 
nega a extradição é um ato de soberania nacional que não pode ser revisto pelo 
STF.[3]

Agora, pretende o governo italiano novamente reabrir o tema e exigir do atual 
presidente da República que proceda à extradição de Cesare Battisti. Poderia o 
presidente, juridicamente, assim proceder? Parece evidente que o instituto da 
preclusão lógica (que impede a prática de ato contraditório a outro ato 
anteriormente manifestado) operou na hipótese, pelo que enorme insegurança 
jurídica viria ao mundo jurídico se autorizada fosse a entrega do extraditando 
após negativa anterior do Poder Executivo. O ato executivo, em suma, bem ou 
mal, se esgotou; se consumou totalmente, sem chances jurídicas de ser 
ressuscitado.

De fato, não é jurídico pensar que pode o Poder Executivo, a seu alvedrio e a 
seu talante, manipular o instituto da extradição reabrindo discussão preclusa 
pela lógica, como é exatamente o caso da (nova) tentativa do governo italiano 
em receber Battisti para a execução da pena em território italiano.

Ademais, à luz dos princípios de direito internacional relativos à matéria, a 
competência para a extradição é atinente ao cargo, jamais à pessoa do chefe do 
Poder Executivo. Assim, se há anos o Poder Executivo, certa ou erroneamente, 
negou a extradição requerida, benefício jurídico integrou o patrimônio do 
extraditando, que se põe agora à salvo de novo ato executivo atinente a pleito 
anteriormente já indeferido. Até mesmo se se pensar que pudesse haver 
reconsideração do ato, parece evidente que não há razão de ser fora do prazo 
(há anos já passados) do recurso administrativo. Mais ainda: o então 
extraditando já conquistou direito adquirido a não ser extraditado pelo 
Executivo brasileiro, uma vez exaurida qualquer possibilidade de revisão do ato 
executivo anterior.

Eu, particularmente, sempre entendi devesse o ex-presidente da República Luiz 
Inácio Lula da Silva extraditar Cesare Battisti, notadamente em razão de 
existir tratado internacional entre os dois Estados a exigir a extradição, bem 
assim porque não havia, na espécie, qualquer hipótese de afastamento da 
extradição (contrariamente ao que entendeu, à época, a AGU). Todos sabem que a 
Itália, um Estado democrático europeu, jamais sujeitaria um extraditando 
(qualquer extraditando) a tortura ou a qualquer ato que o valha. Foi, em suma, 
um erro (ou uma vontade?) presidencial, baseado em parecer nada convincente da 
Advocacia-Geral da União. Contudo, bem ou mal, o ato já está consumado, não 
podendo o princípio da segurança jurídica falecer diante da vontade de um 
presidente, qualquer que seja ele. Não há outro caminho, portanto, para o STF. 
A decisão correta e jurídica será manter Cesare Battisti no Brasil e impedir 
qualquer ato extradicional que se pretenda levar a efeito.
 
[1] V. MAZZUOLI, Valerio de Oliveira. Curso de direito internacional público. 
10. ed., rev., atual. e ampl. São Paulo: Editora RT, 2016, pp. 811-812; e 
MAZZUOLI, Valerio Mazzuoli. Algumas questão sobre a extradição no direito 
brasileiro. Revista dos Tribunais, vol. 906 (abril 2011), pp. 159-176.

[2] O ato presidencial citado, publicado na imprensa oficial (sem qualquer 
fundamentação, observe-se), foi do seguinte teor: “Processo nº 
08000.003071/2007-51. Parecer nº AGU/AG-17/2010, adotado pelo Advogado-Geral da 
União Substituto, referente ao pedido de Extradição nº 1.085, requerido pela 
República Italiana. Em face dos fundamentos, aprovo o Parecer e nego a 
extradição. Em 31 de dezembro de 2010”.

[3] STF, Ext. 1085, Rel. Min. Gilmar Mendes, julg. 18.11.2009; e Petição Avulsa 
na Ext. 1085, julg. 08.06.2011, indeferida por maioria, contra os votos do 
relator, Min. Gilmar Mendes, e dos Ministros Cezar Peluso e Ellen Gracie.


Valerio de Oliveira Mazzuoli é pós-doutor pela Universidade de Lisboa, doutor 
summa cum laude em Direito Internacional pela UFRGS, professor da Universidade 
Federal de Mato Grosso (UFMT) e sócio do escritório Mazzuoli & de Pieri 
Advocacia.


[mensagem organizada por Helion Póvoa Neto]



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