|V Grupo de Analistas Prepotentes da CD ? Nefelibatas |V --------------------------------------------------------- Isabele, respostas no corpo da sua mensagem. Seus comentários entre "<< >>" [ ]s, Roberto Jardim. -----Mensagem original----- De: analistas2002-bounce@xxxxxxxxxxxxx Enviada em: quinta-feira, 14 de outubro de 2004 10:21 >> Meu querido, eu sou descendente direta de portugueses (toda minha família >> paterna) e indireta de italianos, índios, negros (materna) E quem não é? >> e nem por isso concordo com a imposição de nada. Justo. Assim sendo, se não concorda com a imposição de nada, também não deve impor uma cultura hodierna aos homens do passado. >> E daí que o Chávez é mestiço? Ele tem que corcordar com as burradas dos >> antepassados? Daí que o Chávez é presidente da Venezuela, não da nação indígena X ou Y. Se os espanhóis não tivessem aportado por aquelas bandas, não haveria Venezuela, não haveria Presidente Chávez. Não haveria Chávez, aliás. Nem a grande maioria do povo venezuelano. Quando Chávez incita a comemoração de uma **resistência**, presume-se que a resistência seja a algo nefasto, ruim. Está dizendo - nem precisa ir às entrelinhas - que a presença espanhola foi uma coisa desagradável para seu povo. O que acho uma sandice incrível. >> Eu não disse que os sistemas citados já existiam à época, eu disse que >> nós fazemos isso hoje, querendo impor, como você pode notar com o verbo >> usado no presente. KKKKKKKKKKK Particularmente, não quero impor nada a ninguém. >> E você acha que hoje não continua a lei do mais forte??? Travestida da >> pior maneira possível? Fingindo que é a maneira mais, digamos, >> democrática? Sim, concordo. Mas convenhamos que há mais mecanismos de defesa que outrora. Há a diplomacia, imprensa, etc. Também não sou ardoroso defensor de algumas práticas ditas 'democráticas' a que estamos acostumados. >> Eu também não afirmei que eles viviam de maneira pacata, de onde você >> tirou isso? Eu disse que a relação deles era muito mais saudável, pois >> eles poderiam ter vivido no planeta por muito mais tempo que nós >> industrialistas vamos viver nessa pressa babaca de nossa vida, busca >> desesperada consumista. Nem tanto lá, nem tanto cá. Se não fossem os europeus, possivelmente na América ainda não haveria luz elétrica, água encanada, vacinas, meios de transporte e outras coisinhas mais que a tecnologia nos oferece. Daí a fazer dessas coisas e de outros bens de consumo o objetivo final de uma vida, são outros quinhentos. Além disso, eu só quis lembrar que boa parte das tribos não vivia de modo nada saudável, com a escravidão que lhes impunham as tribos mais fortes. >> É uma pena o que os estrangeiros fizeram com nossos indígenas, que tanto >> tinham a ensinar ao homem branco, um caminho de mais atenção à natureza, >> independente das características de comportamento de cada etnia. Sem se esquecer, é claro, dos tantos benefícios que o homem branco trouxe aos nativos. >> Eu, cheia de descendentes europeus, não vejo nada além de digno e >> legítimo a resistência dos povos invadidos. Eu vejo a grandiosidade da colonização européia na América, a despeito de excessos. Tenho tanto orgulho de meus antepassados índios, como dos europeus e dos negros. >> E olha que tenho que viver no >> meio de tanta coisa que detesto e ainda pagar por isso Sim, mas creio que os benefícios devam ser maiores que os malefícios, caso contrário, abandonaríamos tudo e iríamos morar numa ilha, ou na floresta. >> , como, por >> exemplo, ter que pagar taxa de iluminação pública para ficar tudo >> bastante iluminado e sem ver o céu à noite; ter que cortar a vegetação >> dos meus lotes (em APA!!!) sob pena de multa etc, e isso é o must da >> urbanização, hein? É a tal da "ditadura da maioria". Obedeçamos, mas protestemos quando ultrapassados os limites do razoável. (OK, e quais são esses limites? Well, agora que essa conversa não acaba mais... :-))) Guarda alguma equivalência com as decisões de um cacique de uma tribo. Corrija-me se eu estiver enganado, mas deve haver algum índio que discorda dele, não? [ ]s, Roberto Jardim. -----Mensagem original----- De: analistas2002-bounce@xxxxxxxxxxxxx Enviada em: quarta-feira, 13 de outubro de 2004 16:03 Para: 'analistas2002@xxxxxxxxxxxxx' Assunto: [Nefelibatas] RES: [Nefelibatas] Dia da Resistência (ou: Ode à imbecilidade) ====================================================================|V Grupo de Analistas Prepotentes da CD - Nefelibatas |V ==================================================================== Entenda, Isabele: o presidente Chávez é miscigenado, embora ressalte apenas sua linha indígena (do mesmo modo que FHC, para ganhar mais uns votinhos, dizia que tinha um pé na África). Chávez é fruto da união de descendentes de espanhóis com descendentes de índios. Ele dizer "fora espanhóis" seria o mesmo que dizer "fora vovô", "fora tataravô", "fora toda minha ascendência", "fora eu mesmo"! Outro ponto: o sistema ocidental e a democracia simplesmente não existiam como tal, à época dos descobrimentos. Tampouco Carta de Direitos Humanos. Os povos viviam segundo a lei do mais forte, em maior ou menor grau. Assim viviam espanhóis, portugueses, ingleses, franceses, holandeses e boa parte dos povos nativos do continente americano. Esses últimos não viviam pacatamente como você afirma. Era freqüente a escravidão de uns por outros, como no caso dos maias, que penavam quando os aztecas resolviam dar as caras. Sem falar nas tribos antropófagas ou as que sacrificavam crianças dos guerreiros vencidos. Se você acha normal, tem todo o direito. Como também tenho direito de achar que o julgamento do europeu do século XV ***com a cabeça de hoje*** se trata de uma "falta de respeito generalizada pelas culturas alheias". [ ]s, Roberto Jardim. -----Mensagem original----- De: Isabele Machado de Carvalho Enviada em: quarta-feira, 13 de outubro de 2004 15:13 Para: Roberto Jardim Cavalcante Assunto: RES: [Nefelibatas] RES: [Nefelibatas] Dia da Resistência (ou: Ode à imbecilidade) Ué, Roberto, então você acha que a resistência não devia ser enaltecida? Que os povos deveriam ter aberto as pernas para um bando de exploradores? Que os povos todos devem seguir o sistema ocidental, a democracia etc? A questão não é a miscigenação. A questão é a falta de respeito generalizada pelas culturas alheias e a imposição de sistemas. A pena é que as pessoas querem comparar as culturas, os sistemas... E lá índio queria saber dessas nossas besteiras de país, bandeira? A relação deles era muito mais saudável. -----Mensagem original----- De: analistas2002-bounce@xxxxxxxxxxxxx Enviada em: quarta-feira, 13 de outubro de 2004 15:02 Para: 'analistas2002@xxxxxxxxxxxxx' Assunto: [Nefelibatas] RES: [Nefelibatas] Dia da Resistência (ou: Ode à imbecilidade) ========================================================================== Grupo de Analistas Prepotentes da CD - Nefelibatas ========================================================================== Isabele, já havia mandado para a lista este artigo do João Ubaldo. Reenvio-o para aclarar por que acho tão pueril a criação do tal "Dia da Resistência", especialmente por ser obra de um presidente de uma nação miscigenada. Deixo a seu encargo as devidas analogias. [ ]s, Roberto Jardim. =========================== O BESTEIROL DOS 500 ANOS João Ubaldo Ribeiro Levando-se em conta nossa pitoresca realidade contemporânea, até que a quantidade de besteiras dita e escrita sobre o controvertido aniversário do Brasil não dá para surpreender. O que chateia um pouquinho é que diversas dessas besteiras continuarão a perseguir-nos pela vida afora, algumas talvez trazendo conseqüências indesejadas. A principal delas, naturalmente, é a de que o Brasil começou em 1500, quando nem mesmo no nome isso aconteceu, posto que éramos uma ilha quando os portugueses primeiro viram as terras daqui e, durante muito tempo, o Brasil que duvidosamente existia não tinha nada a ver com o Brasil de hoje. A impressão que se tem é que, do povo às autoridades e mesmo aos entendidos, acha-se que o Brasil já estava no mapa, com as fronteiras e características atuais, no momento em que Cabral chegou. Teria tido até um nome nativo, já proposto, pelos mais exaltados, para substituir "Brasil": Pindorama, designação supostamente dada pelos índios ao nosso país. Não sou historiador, mas também não sou tão burro assim para acreditar que os índios tinham qualquer noção geopolítica, ou alguma idéia de que pertenciam a um "país" chamado Pindorama. Não havia qualquer país, é claro, nem sequer a palavra Pindorama devia fazer sentido para os ocupantes que os portugueses encontraram aqui, se é que ela era usada mesmo. No máximo, significaria o único mundo conhecido deles. Parece assim que os nossos índios administravam impérios e cidades como os dos maias, astecas ou incas, quando na verdade, que perdura até hoje, viviam neoliticamente e a maioria esgotava os numerais em três - era o máximo que conseguiam contar e o resto se designava como "muito". Como corolário disso, vem a tese de que fomos invadidos. Com perdão da formulação pouco ortodoxa da pergunta, quem fomos invadidos? Todos nós, salvante os mais ou menos 400 mil índios que sobraram por aí, somos descendentes dos invasores, inclusive os negros, que não vieram por livre e espontânea vontade, mas também não viviam aqui na época de Cabral e hoje constituem parte indissolúvel de nossa, digamos assim, identidade. Imagino que haja quem pense que, diante de uma delegação portuguesa, algum diplomata ou general índio tenha argumentado que se tratava da ocupação ilegal de um Estado soberano do Oiapoque ao Chuí e que aquilo não estava certo, cabendo talvez a intervenção das Nações Unidas. Se a História tivesse tomado rumos um pouquinho diferentes, nossa área hoje podia estar subdividida em vários países diferentes, uns falando português, outros espanhol, outros holandês, outros francês. Do Tratado de Tordesilhas às capitanias hereditárias, aos movimentos separatistas e à ação do Barão do Rio Branco, muita coisa se passou para que nos tenhamos tornado o Brasil que somos hoje. Ninguém chegou aqui e descobriu o Brasil já pronto e acabado (se é que podemos falar assim mesmo agora), isto é uma perfeita maluquice. O Brasil, é mais do que óbvio, se construiu lentamente e às vezes aos trancos e barrancos. Compreende-se que nativos de países como o Peru, o México e outros, notadamente na América Central, se sintam invadidos. Até hoje são numerosos e discriminados, muitos nem falam espanhol e, quando aportaram os conquistadores, tinham cidades maiores do que as européias. Mas nós? Quem, com a notável exceção do amigo pataxó e da jovem senhora xavante que ora me lêem, foi aqui invadido? Vamos supor, já jogando no terreno da absoluta impossibilidade, que o chamado mundo civilizado ignorasse a existência destas terras até hoje. Teríamos aqui, não o Brasil, mas uns quatro milhões de nativos de beiço furado e pintados de urucu e jenipapo (nada contra, até porque furamos as orelhas, nos tatuamos e usamos batom, é uma questão de estilo), que não falavam as línguas uns dos outros, matavam-se entre si com alguma regularidade e cuja tecnologia não era propriamente da era informática. Brasil mesmo, nenhum. Mas está ficando politicamente correto, suspeito eu que por motivos incorretíssimos, abraçar a tese da invasão do Brasil. "Nós fomos invadidos, fomos invadidos!", grita em português brasileiro, a única língua que sabe, um manifestante mulato, em Porto Seguro. Será possível que não se perceba a vastidão dessa sandice? Daqui a pouco - e aí é que mora o perigo - entra na moda de vez e os resquícios das nações indígenas que ainda subsistem deverão aspirar à soberania sobre os territórios que ocupam. Como na Europa Oriental, cada etnia quererá ter seu estado e sua autonomia, com bandeira, hino, moeda (dólar, para facilitar) e passaporte. Que beleza, formar-se-á por exemplo, depois de um plebiscito entre os índios, o Estado Ianomâmi, completamente independente e ocupando área bem maior do que muitos outros países do mundo juntos, reconhecido pelas organizações internacionais e protegido pelo grande paladino da liberdade dos povos, os Estados Unidos, que mandariam missionários e ajuda econômica e tecnológica e, desta forma, investiriam desinteressadamente numa área tão pobre em recursos econômicos e que tão pouca cobiça desperta, como a Amazônia. E, se protestássemos, a Otan bombardearia o Viaduto do Chá, a Ponte Rio-Niterói e o Elevador Lacerda, como advertência. Cometeram-se e cometem-se crimes inomináveis contra os índios, que devem ter seus direitos assegurados. Também se cometeram e cometem crimes contra grande parte dos brasileiros não-índios, outra vergonha que precisa ser abolida. Mas isso não tem nada a ver com a tal invasão, assim como a outra série de besteiras intensamente veiculada, segundo a qual, se não houvéssemos sido colonizados pelos portugueses, estaríamos em melhor situação, assim como estão em melhor situação a antiga Guiana Inglesa, o Suriname, a Indonésia, a Nigéria, a Somália, o Sudão e um rosário interminável de ex-colônias européias, quando na verdade se trata de um caso claro de o buraco achar-se bem mais embaixo. Como é que se diz "babaquice" em tupi-guarani? -----Mensagem original----- De: analistas2002-bounce@xxxxxxxxxxxxx Enviada em: quarta-feira, 13 de outubro de 2004 13:23 Para: Camaradas (Correio eletrônico) Assunto: [Nefelibatas] RES: [Nefelibatas] Dia da Resistência (ou: Ode à imbecilidade) Palhaçada, demência e imbecilidade é o que fazemos até hoje com os povos aborígenes pelo mundo, sem respeitar suas culturas, achando que temos o direito de sair detonando tudo e, o pior, que somos melhores! Gostei da criação do DIA DA RESISTÊNCIA. -----Mensagem original----- De: analistas2002-bounce@xxxxxxxxxxxxx [mailto:analistas2002-bounce@xxxxxxxxxxxxx]Em nome de analistas2002@xxxxxxxxxxxxx Enviada em: quarta-feira, 13 de outubro de 2004 11:15 Para: 'analistas2002@xxxxxxxxxxxxx' Assunto: [Nefelibatas] Dia da Resistência (ou: Ode à imbecilidade) ========================================================================== |\/ Grupo de Analistas Prepotentes da CD - Nefelibatas |\/ ==========================================================================. . . Palhaçada ou demência? [ ]s, Roberto Jardim. =================================== Venezuelanos derrubam Colombo no Dia do Descobrimento BBC Uma estátua centenária do "descobridor" da América, Cristóvão Colombo, foi derrubada por uma multidão, nesta terça-feira, no centro de Caracas, na Venezuela. Os manifestantes que derrubaram a estátua participavam da "anti-celebração" do Descobrimento da América, comemorado na terça-feira. A data foi criada em 2002 pelo presidente venezuelano, Hugo Chávez, e é chamada de Dia da Resistência. Chávez institiuiu o feriado como uma comemoração da resistência dos povos indígenas do continente americano. http://ultimosegundo.ig.com.br/materias/bbc/1769001-1769500/1769035/1769035_ 1.xml "Perdoe sempre a seus inimigos; não há maneira melhor para irritá-los." Oscar Wilde ========================================================================== ---------------------------------------------------------- Grupo de Analistas Legislativos da Câmara dos Deputados ? Atribuição Técnica Legislativa ? empossados a partir de 17/01/02. E-mail: analistas2002@xxxxxxxxxxxxx Site: //www.freelists.org/list/analistas2002 ---------------------------------------------------------- ******* N E F E L I B A T A ******* Datação 1899 cf. CF1 Acepções => adjetivo e substantivo de dois gêneros 1 que ou quem vive nas nuvens 2 Derivação: sentido figurado. Uso: pejorativo. que ou o que não obedece às regras literárias (diz-se de escritor) 3 Derivação: sentido figurado, por extensão de sentido. Uso: pejorativo. que ou quem é muito idealista, vive fugindo da realidade Etimologia nefel(i/o)- + -bata; f.hist. 1899 nephelibata Sinônimos nefelíbata; ver sinonímia de empolado e pensativo ===========================================================================