Mais sobre o assunto em pauta... ---------- Xamã dos yanomamis brasileiros alerta em Londres contra a venda da Amazônia Da France Presse *16/10/2007 16h20*-Davi Kopenawa, xamã e porta-voz da Comunidade dos Yanomami do Brasil, advertiu em Londres contra os perigos da campanha que está em voga na Grã-Bretanha sobre a compra da Amazônia para evitar sua destruição, afirmando que a única coisa que pode salvar a floresta é a proteção das comunidades e terras indígenas. "A floresta está acabando, os rios estão doentes, a terra está cansada e os yanomamis estão morrendo", afirmou Kopenawa em uma coletiva de imprensa. O xamã se referia à campanha lançada pela organização Cool Earth, fundada por um milionário britânico, Johan Eliasch – nomeado pelo primeiro-ministro Gordon Brown como um de seus assessores especiais sobre desmatamento -, que promove a idéia de comprar pedaços da Amazônia para protegê-la. "Agora querem comprar pedaços da floresta. Mas a terra não pode ser comprada. Não é carne, não é roupa, que se compra e vende. A terra é nossa vida, e nós sempre a protegemos", afirmou. "A terra tem só um coração, e é ali que está a alma, a felicidade. Não podemos deixar que isso seja destruído", ressaltou. "Essa gente (do Cool Earth) tem que respeitar as comunidades que vivem lá. Precisam vir conversar conosco", acrescentou Kopenawa, que viajou a Londres para o lançamento de um documento, batizado "O progresso pode matar", da organização Survival International. Segundo cifras da Cool Earth, a organização já comprou 32 mil acres (13 mil hectares) no Brasil e no Equador. Davi se reuniu na tarde desta terça-feira com deputados no Parlamento, e na quarta-feira deve entregar uma carta ao primeiro-ministro na Downing Street, alertando sobre os perigos que a Amazônia e as comunidades indígenas correm. Na entrevista coletiva, o diretor da Survival International, Stephen Corry, ressaltou que a campanha da Cool Aid não é séria e que tira a atenção de uma "solução verdadeira" para a Amazônia. Esta campanha "permite comprar uma pequeníssima fração" da selva, admitiu. "Algo equivalente a um balde de água no Mar do Norte". "Mas o problema não é este, mas sim que tira o foco do verdadeiro problema, que é a proteção da terra e as comunidades indígenas", advertiu Corry. A Survival Internacional estima que 50 milhões de acres (mais de 20 mil hectares) de selva amazônica sejam desmatados a cada ano. No relatório, a Survival International alerta que os projetos para desenvolver as tribos de suas terras tradicionais e "impor o progresso" provocam uma miséria incomensurável nas comunidades, cuja cultura e modo de vida estão ameaçados pela mineração e pelo desmatamento. Afirmou ainda que foi comprovado que a separação da terra está vinculada a crises sanitárias e sociais nas comunidades indígenas, incluindo doenças físicas e mentais, como a obesidade, a depressão, a dependência de drogas e os suicídios.