[CamaraDas] Do tempo da Barsa!!

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  • Date: Tue, 2 Jun 2009 19:33:13 +0000

 
        Conservadorismo 

        Enciclopédia Barsa 

        Ser conservador significa acreditar que a sociedade, por ser um
organismo muito complexo, formado de múltiplos elementos que se
inter-relacionam para proporcionar bem-estar a seus membros, deve
evoluir vagarosamente, evitando rupturas e revoluções. 

        Conservadorismo é a tendência política que se caracteriza pela
deliberação de manter inalterada a ordem econômica, social e
política vigente. Inclina-se a cristalizar as tradições e
instituições que se afirmaram pela experiência e a só aceitar
mudanças superficiais, graduais e pouco freqüentes. Assim, não
constitui propriamente uma proposta política, mas sim uma reação
às transformações e revoluções. O termo conservadorismo se
aplica também às filosofias que atribuem a essa tendência um corpo
ideológico. 

        A continuidade é, por isso, um valor importante; qualquer mudança
deve ser cuidadosamente avaliada e só incorporada se acarretar um
mínimo de efeitos secundários. Sensíveis às incongruências entre
teoria e prática, os conservadores afirmam que uma idéia
teoricamente justa pode ser inadequada e até mesmo nociva se posta
em prática. 

        Do ponto de vista conservador, o governante deve tomar com cuidado
os arroubos de transformação que muitas vezes são sugeridos para
os negócios práticos do Estado e deixar-se guiar por precedentes e
exemplos que já funcionaram a contento no passado. Os conservadores
rejeitam as iniciativas de caráter liberal e mantêm forte respeito
por instituições tradicionais, como a família e a propriedade
privada. Por princípio, são adversários das mudanças súbitas e
das inovações e tendem a aceitar as imperfeições do ser humano
como realidades inerentes a sua natureza, em vez de contar com a
possibilidade de reconstrução e aperfeiçoamento. 

        Edmond Burke foi, entre os pensadores modernos, um dos primeiros a
sistematizar as idéias do conservadorismo. Em _Reflexos sobre a
revolução na França_, de 1790, tachou os ativistas franceses de
“teoricistas”, “metafísicos” e “especuladores”, por
causa de sua preocupação com teorias e idéias, que os teria levado
a subestimar a complexidade do governo e a dificuldade de implementar
mudanças de longo alcance. Burke não negava, em princípio, os
direitos defendidos pelos revolucionários, que seriam
metafisicamente corretos mas moral e politicamente falsos. Para ele,
os direitos das pessoas estão mais bem assegurados quando o Estado
funciona plenamente, o que depende da sabedoria de seus dirigentes.
Burke defendia um governo fundado não nos direitos humanos, mas no
atendimento das necessidades de seus membros. 

        Na França, o principal porta-voz do conservadorismo durante o
século XIX foi Joseph de Maistre, que combateu a ideologia liberal e
tornou-se apologista do _ancien régime_. Nos Estados Unidos, os
federalistas como John Adams, Alexander Hamilton, James Madison e
John Jay guiaram-se por princípios conservadores, mas a divisão
radical dos políticos em conservadores e progressistas deu-se apenas
em 1828. No século XX, a palavra conservadorismo adquiriu conotação
pejorativa e passou a sinônimo de reacionarismo, ou oposição ao
progresso. Por essa razão, muitos partidos políticos abandonaram
essa denominação, o que não significou o fim do conservadorismo,
mas o mascaramento dessa tendência em siglas e instituições que,
com outros nomes, opõem-se vivamente às mudanças sociais, rejeitam
a marcha da História e defendem um poder político imune à
flutuação das opiniões. 

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