Dentro del área de estudio está, entre otros países, Colombia saludos william ----- Forwarded Message ----- From: "Veissière, Samuel" <sveissiere@xxxxxx> To: SUNTA <urbanth-l@xxxxxxxxxxx> Cc: "rosimartins1@xxxxxxxxxxxx" <rosimartins1@xxxxxxxxxxxx> Sent: Friday, January 20, 2012 2:31 PM Subject: [SUNTA] Call for research participants: CLANDESTINO: Desejos, Fronteiras e Mobilidade nas Américas Clandestinas Dear colleagues, We are looking for contributors for an ongoing research project on “clandestine” border-crossings, livelihoods and epistemologies in the Américas (please see project description—in Portuguese—below). We are particularly interested in experimental, creative, narrative, autoethnographic, visual, and film approaches. Keywords: “clandestine” migration, borders, border-epistemologies, (l)a Américas (esp. Southern Cone & Amazon region) Please circulate! Principal investigator: Samuel Veissiere, UCN / PPGCS-Antropologia, UFPA-Belém sveissiere@xxxxxx or samuel.veissiere@xxxxxxxxx Funding body: CAPES (Brazil) = CLANDESTINO: Desejos, Fronteiras e Mobilidade nas Américas Clandestinas 3 - INTRODUÇÃO Este projeto decorre de oito anos de pesquisas antropológicas sobre migração, mobilidade, e modos de vivências e resistências transnacionais num contexto pan-americano e transatlântico (Veissiére, 2011). O projeto iniciou com um estudo de economias informais nas ruas de Salvador da Bahia (Veissière, 2007), e, a partir de uma analise de transações culturais, econômicas, e romântico-sexuais entre brasileir@s desfavorecid@s e turistas estrangeiros, desdobrou-se numa investigação de buscas subalternas de mobilidade global. Qual era o processo de conscientização de brasileir@s marginalizad@s que decidiam sair do país? Quais eram as realidades sociais, culturais, e econômicas das quais queriam sair? Quais outras realidades e sonhos procuravam? Porque escolhiam avenidas de mobilidade global através de parceir@s estrangeir@s? Quais novas vivências transacionais e histórias de vida surgiam neste contexto transatlântico? De outro lado, temos investigado a experiência de migração, travessias ilegais, e vivências clandestinas de trabalhadores brasileiros na Guiana francesa. As mesmas questões surgiam: porque migrar? Porque buscar a idéia de um mundo melhor, muitas vezes pagando o preço com perigo, preconceito, da ausência de direitos humanos, ou até em muitos casos, pagando com suas vidas? Mas além de violência, sonhos quebrados, e até morte, subsistem estes desejos de migrantes, que continuam atravessando selvas ou entrando em relações disfuncionais em busca do sonho da mobilidade. No caso das diásporas econômico-sexuais que partiam da Bahia, estes desejos entre homens “brancos” e mulheres racializadas e exotizadas inscreviam-se parcialmente na violência simbólica da história colonial. No caso dos trabalhadores clandestinos na Guiana Francesa, porém, existiam fatores de mediação destes desejos de mobilidades além de incentivos meramente econômicos. Nestes casos também, qual era o papel—a força—então, da violência simbólica colonial na construção destes sonhos de El Dorado do “primeiro mundo”, ou simplesmente destes desejos de outros horizontes—que o antropólogo francês Michel Franck chama de désir d'ailleurs (Franck, 200?)? Para muitos migrantes subalternos, como por exemplo clandestinos brasileiros na Guiana Francesa ou no Canadá, conseguir chegar, viver e trabalhar no país de destino não sai de uma dimensão simbólica. Tais migrantes vivem dentro da idéia do primeiro mundo sem ter acesso aos seus direitos e privilégios, e em condições de vivência e redes sociais muitas vezes mais precárias que as que eles deixaram para trás. Além de necessidade para investigações etnográficas mais amplas e comparativas das trajetórias, travessias, e vivência de migrantes, a questão das dimensões simbólicas na mediação dos desejos e experiência de migrante permanece aberta. 4 – JUSTIFICATIVA Nas ciências sociais, e até na esfera “publica” do mundo globalizando, o conceito de mobilidade tem virado palavra-chave. Mas o que será mobilidade? Para o sociólogo Britânico John Urry (2010), no contexto do capitalismo global, o “capital de mobilidade” tem se tornado mais uma necessidade, junto com outras formas de capitais (humano, social, cultural, financeiro, etc.). A possibilidade de se mover então, passou de um privilégio ou luxo a mais uma categoria imperativa nas economias de competição do capitalismo tardio: ou, em outros termos, a mais uma tirania. Paradoxalmente, muitos tipos de fronteiras (fronteiras de classe e inclusão social, e fronteiras geográficas entre Sul e Norte, entre outras) têm se fortalecidas agressivamente. Capital, ou imperativo de mobilidade, sim, mas para quem? Temos ouvido mais e mais sobre fluxos e paisagens (Appadurai, 1996) de ideais, pessoas, mercadorias, e tecnologias, muitas vezes com a falsa impressão que estes fluxos se movem e flutuam livremente. Mas no mundo atual, a maioria do mundo não se move, não atravessa fronteiras internacionais, e não atravessa fronteiras de classe e acesso a participação social, econômica e política dentro dos seus países. O fim da era do estado-nação pode ter acontecido para acionários de corporações multinacionais, mas não para o povo; para a grande maioria do povo humano. No contexto do Brasil, Mercosul, e a América Latina contemporânea, a dialética entre neoliberalismo e novos populismos tem facilitado e restringindo novas mobilidades, muitas das quais acontecem e permanecem na esfera clandestina. São agora novas diásporas “ilegais” de peruanos, colombianos, bolivianos e paraguaios no Ecuador dolarisado, no Brasil, na Argentina, no Chile. Mas também argentinos no Brasil, dominicanos na Colômbia, colombianos em Panamá, etc. Muitos africanos, asiáticos, e até europeus, no entanto, tem se virado para o Mercosul e América Latina nas suas buscas de mobilidade global. Mas a diversidade destas “Américas Clandestinas” vai crescendo: a maioria dos europeus e norte-americanos que decidiram se mudar para o Brasil, por exemplo, permanece no país de maneira “ilegal”, e em quantidades que vão cada vez crescendo (Veissiére, 2011). Na útima década, a exportação de políticas neoliberais desde o Norte no primeiro lugar, e a volta da esquerda na América do Sul num segundo plano tem consideravelmente restringido as possibilidades de entrada na America do Norte para a maioria dos latino-americanos. Paradoxalmente, mesmo neste contexto de um melhoramento gradual das suas condições de vidas de origem e de fronteiras internacionais menos permeáveis, o fluxo de latino-americanos (inclusivamente de brasileiros) que entram clandestinamente nos E.U. e no Canadá tem crescido. Bairros inteiros de cidades como Toronto ou Boston, por exemplo, estão agora conhecidas como “Little Brazil”. 5 – OBJETIVOS Como fazer sentido destas novas mobilidades clandestinas nas Américas? Como fazer sentindo deste Brasil e desta América Latina dentro da qual mais imigrantes querem entrar (mobilidade Norte→Sul), fora da qual mais migrantes querem sair (Sul→Norte), e através da qual mais diásporas “locais” estão emergindo (Sul↔Sul)? Como fazer sentido, então, destas dinâmicas de mobilidade, e das suas dimensões físicas, simbólicas e experiências? Este projeto, pois, se propõe de analisar estas novas fronteiras e mobilidades clandestinas nas Américas desde o ponto de vista das representações, desejos, e experiências de migrantes clandestinos, com ênfase nas seguintes dimensões: · Uma analise global e crítica dos mecanismos econômicos, políticos, culturais e simbólicos que produzem desejos de mobilidade, com um foco particular nas tensões e novas dialéticas entre o neoliberalismo e a volta da esquerda na América Latina; · Uma investigação e relato, de maneira comparativa, das leituras locais e “vernáculas” da modernidade e da globalização dos atores sociais que decidem migrar: como é que eles entendem a globalização e suas realidades sócio-econômicas, e quais aspectos da modernidade eles escapam e buscam? · Uma investigação etnográfica comparativa das travessias de fronteiras, das experiências, e dos modos de vivências de migrantes clandestinos nas Américas. · Uma coleção comparativa de historias de vidas e narrativas de migrantes clandestinos. · Até a eventual identificação de interlocutores adicionais, a coleção de narrativas e histórias de vidas de migrantes estão previstas nos seguintes contextos: ▪ Várias comunidades diaspóricas no Brasil, na Amazônia, e na Argentina (bolivianos, peruanos, europeus, paraguaios, e “mochileiros”). ▪ Comunidades de brasileiros clandestinos no Canadá, E.U., e Guiana Francesa. ▪ Modos de vivências clandestinas nas seguintes zonas de fronteiras (Brasil-Peru, Brasil-Colombia-Peru, Brasil-Argentina-Paraguay, Colombia-Panamá). ▪ Trechos e travessias de migração clandestinas transnacionais, como foco nas redes de “coyoteros” que seguem o trecho Colômbia-Panamá-América Central-México com destino aos E.U. e Canadá. 6 - METODOLOGIA Este projeto será realizado numa perspectiva etnográfica, comparativa, e artística. Isto necessita em primeiro lugar uma abordagem qualitativa de observação de participante, ou de participação nas vidas e experiências dos interlocutores desta pesquisa. Como previamente mencionado, grande parte deste projeto será direcionado para educar um público geral, internacional, e não acadêmico. Plataformas de difusão narrativas, audiovisuais e criativas serão utilizadas neste fim. Uma rigorosa abordagem científica, porém, será mantida na construção do projeto. A coletânea titulada la misére du monde, dirigida pelo sociólogo Pierre Bourdieu, oferece um excelente exemplo do tipo de narrativas que serão produzidas neste projeto. 15 anos depois da sua publicação, la misére du monde continua a atingir e educar um público geral. Além de uma breve introdução teórica, o livro e composto exclusivamente de narrativas de pessoas marginalizadas sobre suas vidas. Como conhecer e escolher interlocutores, como fazer perguntas, quais perguntas fazer, permanece um trabalho fundamentalmente antropológico. Mas outras coisas precisam ser ditas nas vozes dos interlocutores. Redes, trechos e contatos percorridos e adquiridos pelos pesquisadores durante anos de pesquisas etnográficas em vários pontos das Américas (Brasil, Colômbia, Guianas, Argentina, Chile, Peru, Ecuador, Bolivia, Panamá, Canadá, E.U.) serão utilizados como ponto de partida pra recolher historias de vidas de migrantes. A consultoria de vários colegas acadêmicos e no setor não-governamental que trabalham com migração será solicitada para identificar interlocutores. A consultoria de especialistas em filmes etnográficos e filmes de arte será também solicitada. 7 - BIBLIOGRAFIA AGIER, Michel. 1998 Lugares e redes: as mediações da cultura urbana. In: Além dos territórios. Ana Maria Niemeyer e Emilia Pietrafesa de Godói (orgs). Campinas: Mercado de Letras. ALVES, Isidoro. 1993 Promessa é dívida. Tese de Doutorado, Antropologia, UFRJ. BOURDIEU, Pierre. 1999 Escritos de Educação. Petrópolis: Vozes. CARNEIRO, Maria José. 2000 Ruralidade na sociedade contemporânea. In: Ruralidades contemporâneas: modos de viver e pensar o mundo rural na sociedade brasileira. CLACSO. CORDEIRO, Graça Índias. 2001 Territórios e identidades sobre escalas de organização sócio-espacial num bairro de Lisboa. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, nº 28. COSTA, António Firmino. 1999 Sociedade de bairro. Oeiras: Celta Editora. COSTA, Antônio Maurício. 2004 Festa na Cidade: o circuito bregueiro em Belém-Pará. Tese de Doutorado, Antropologia, USP. COSTA, Xavier. 2002 Festive traditions in modernity. The Sociological Review, v. 50, nº 4 DE CERTEAU, Michel. 1994 A invenção do cotidiano. Petrópolis: Vozes. DEGENNE, Alain e FORSÉ, Michel. 1999 Introducing social networks. London: Sage Publications. FORTUNA, Carlos. 1999 Os novos espaços públicos. 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