Estudantes promovem ato para homenagear Herzog Foto Antonio Milena/ABr <http://www.tribunadaimprensa.com.br/textos/foto1910.jpg> SÃO PAULO - Um grupo de 30 estudantes foi ontem à Avenida Jornalista Roberto Marinho, na Zona Sul da capital, prestar uma homenagem a Vladmir Herzog. Eles querem que a avenida, que já chamou Água Espraiada, seja batizada com o nome do jornalista morto durante o regime militar. No ato, sobraram críticas à Rede Globo de Televisão. "Hoje é dia da democratização da comunicação e Roberto Marinho não representa isso. Herzog foi um símbolo contra a ditadura e liberdade de expressão", diz a estudante de Ciências Sociais da PUC Barbara Urban, 19 anos. O estudante Pablo Ortelo, de 31 anos, foi encaminhado ao 96º Distrito Policial do Brooklin, por colar adesivos nas placas da via com o nome de Herzog. Segundo a polícia, foi registrado um termo circunstancial de desobediência e ele foi liberado em seguida. Nota do Exército sobre caso Herzog causa crise <http://oglobo.globo.com/online/img/1x1.gif> Gerson Camarotti BRASÍLIA. Provocou reação imediata no PT a divulgação de uma nota do Exército classificando de revanchismo a publicação, pelo "Correio Braziliense" de domingo, de fotografias inéditas do jornalista Vladimir Herzog sendo humilhado no cárcere do DOI-Codi de São Paulo, antes de ser assassinado durante a ditadura militar. O deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP), advogado de ex-presos políticos, cobrou ontem, com o aval do Palácio do Planalto, uma manifestação pública do ministro da Defesa, José Viegas, desautorizando a posição do Exército. - Quero ver como vai se portar o ministro. Se não se manifestar em 24 horas, será convocado para dar explicações ao Congresso. Estou ficando impaciente com o silêncio de Viegas. A nota do Exército é inadmissível e provocativa. O texto compromete o governo democrático do presidente Lula - disse Greenhalgh. Deputado compara nota à do caso Riocentro Segundo ele, a nota é comparável à que foi feita no início dos anos 80 para explicar o caso da bomba no Riocentro. - Esta é uma posição saudosista e feita por seguidores do Sylvio Frota - disse Greenhalgh, numa referência ao então ministro do Exército, general Sylvio Frota, exonerado pelo presidente Ernesto Geisel em 1977 por sua oposição à liberalização do regime militar. O presidente do PT, José Genoino, também reagiu ao conteúdo da nota do Exército. - Essa nota está fora do tempo e reproduz conceitos da época do regime militar. Essa posição não reflete o momento que vivemos. As Forças Armadas já trataram desse mesmo tema com mais profissionalismo e espírito democrático. O texto destoa do atual espírito democrático das Forças Armadas - criticou Genoino, ex-preso político. O Palácio do Planalto foi surpreendido pelo teor da nota divulgada pelo Centro de Comunicação Social do Exército. Viegas estudava ontem a possibilidade de divulgar uma segunda nota apresentando nova posição do governo. Segundo assessores do Planalto, o próprio presidente ficou constrangido com os termos usados pelo Exército. O ministro chegou a ser cobrado pelo Planalto sobre o assunto. Segundo integrantes do governo, Viegas estava apreensivo e informou a ministros que não referendou o conteúdo da nota. Ontem à tarde, o ministro da Defesa chamou em seu gabinete o comandante do Exército, general Francisco Albuquerque, e relatou a insatisfação do Planalto. Lula manifestou contrariedade com nota Para interlocutores, Lula chegou a manifestar estranhamento e contrariedade sobre o conteúdo da nota por apresentar uma posição oposta à do governo em relação ao tema. Na nota, o Exército afirma que "mesmo sem qualquer mudança de posicionamento e de convicções em relação ao que aconteceu naquele período histórico, considera ação pequena reavivar revanchismo ou estimular discussões estéreis sobre conjunturas passadas, que a nada conduzem". A nota diz ainda que, em relação às mortes que ocorreram no período, o Ministério da Defesa tem enfatizado "que não há documentos históricos que as comprovem, tendo em vista que os registros operacionais e da atividade de inteligência da época foram destruídos em virtude de determinação legal". A reportagem do "Correio Braziliense" apresentou ainda um "Relatório Periódico de Informações" do 2 Comando do Exército, que informa teriam morrido nas dependências militares 50 dos 2.381 presos políticos que passaram pelo DOI-Codi paulista até 30 de setembro de 1975. Pinaud ameaça deixar comissão de desaparecidos Governo é acusado de não oferecer condições para apurar mortes de presos políticos BRASÍLIA - O presidente da Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos, João Luiz Duboc Pinaud, disse ontem que deixará o cargo se o governo não oferecer as condições necessárias para apurar as mortes investigadas pelo grupo, dentre as quais, a do jornalista Vladimir Herzog. "Eu não sinto ambiente favorável em nível ministerial a uma apuração rigorosa dos casos, como eu acho que ela deve ser feita", afirmou. Pinaud classificou como "leviana" a afirmação atribuída ao Ministério da Defesa de que não existem documentos comprovando que ocorreram mortes durante operações do Exército. "Pelo menos os familiares dos que morreram no Araguaia e em outros lugares atestam o contrário. O que não há, ainda, na minha opinião, é uma apuração exaustiva dessas mortes", afirmou. "Essa afirmação é leviana, para escamotear, fazer uma maquiagem na história", disse. O presidente da comissão defende a realização das apurações como forma de resgatar essa fase da história. "Temos de passar pelos nossos erros e corrigi-los. Isso aconteceu. Houve morte, houve tortura, opressão", afirmou. "Dizer que não houve isso é negar a história e ninguém é dono dela, aconteceu", acrescentou. Integrante da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Pinaud disse, depois de uma reunião do Conselho Federal da OAB, que vive um dilema. Ele afirmou que o secretário nacional de Direitos Humanos, Nilmário Miranda, deu apoio a várias iniciativas de investigação, como a realização de escavações. "Mas estou propondo um outro caminho, o da ação judicial na Justiça Federal, que não foi tentado. Num momento em que essas ações não são estimuladas, pela natureza própria do serviço, a produção cai, o resultado, e há uma insatisfação", comentou. O presidente da comissão observou que a comissão ficou durante muito tempo presa à recuperação de ossos. "Há muitos sobreviventes, há muitas testemunhas", disse. Ele afirmou que está faltando consciência de que o assunto envolve sofrimento de pessoas. "Não são remanescentes, mas familiares que sofreram muito e sofrimentos que já estão sem resposta há mais de 30 anos. Isso é muito grave", disse. Críticas não têm fundamento, diz Nilmário BRASÍLIA - O secretário Especial de Direitos Humanos, Nilmário Miranda, considerou sem fundamento as críticas do presidente da Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos, João Pinaud, que está ameaçando deixar o cargo caso o governo não ofereça os instrumentos necessários para a apuração das mortes de militantes de esquerda na época da ditadura. "O atual governo expandiu as hipóteses de aplicação da Lei 9.140 (que prevê os casos de reparação), possibilitando a indenização de familiares dos mortos e desaparecidos", rebateu Nilmário. O ministro, que está em viagem à Costa Rica, mandou dizer por sua assessoria que familiares de pessoas que morreram em confronto com as diversas polícias, que cometeram suicídio forçado, se mataram em decorrência das torturas psicológicas e as que morreram em passeatas e manifestações políticas contra a ditadura também estão sendo contempladas. "A mudança na legislação é um grande avanço e atende às principais reivindicações dos movimentos sociais e de familiares de mortos e desaparecidos políticos", declarou o ministro, ele também ex-preso e torturado durante a ditadura militar. Segundo Nilmário Miranda, com essa nova lei, não ficará um só caso de pessoa que morreu, identificada ou não, sem o reconhecimento e a definição das responsabilidades do Estado. Além disso, de acordo com o ministro, todos os indícios sobre localização de restos mortais de desaparecidos políticos que chegaram à secretaria foram todos investigados. Nilmário Miranda garantiu que não ficou um só indício sem busca, pesquisa e investigação por parte do governo. "Com isto, o governo mantém o compromisso ético e legal com as famílias", concluiu o ministro. CocoLoco BM__AthCaret NickeLeus Locus Pinellius Zemborian, também conhecido como CocoLoco, fã incondicional de rap, afoxé, heavy metal e música instrumental, é presidente do Departamento de Geloterapia Cibernética e Terrorismo Digital do Partido dos Revolucionários Flamenguistas.