CONGRESSO EM FOCO Severino ameaça devolver MPs ao governo O presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), pode trazer uma nova saia justa ao governo Lula. Ontem, Severino encaminhou ao secretário-geral da Mesa, Mozart Viana, ofício em que questiona a possibilidade de a Câmara devolver ao governo as medidas provisórias que não forem consideradas relevantes ou urgentes. Ele quer saber se pode devolvê-las ao Executivo. "Não é retaliação nem ódio a ninguém. Eu quero tomar, dentro das normas, a decisão que for melhor para o país. Como está, ninguém trabalha, o deputado não legisla. Muitas das MPs que trancam a pauta não têm urgência nem relevância", disse Severino. Ao recorrer ao regimento da casa, Severino sustenta no pedido que a enxurrada de MPs que tranca a pauta do plenário - até ontem eram nove - atrapalha o trabalho legislativo. Para ele, a constante edição de MPs, instituto criado pela Constituição de 1988, desvirtua o processo legislativo. O líder do Governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), sustenta que não cabe ao presidente da Casa devolver medidas provisórias editadas pelo Executivo. "No que diz respeito ao mérito, as medidas provisórias são encaminhadas ao Congresso Nacional. Portanto, caberia mais ao presidente do Senado (Renan Calheiros) do que da Câmara", argumentou. Embora o artigo 72 do regimento interno da Câmara restrinja claramente a edição de MPs a matérias com urgência e relevância, todos os governos têm recorrido a elas para tratar de diversos temas, até mesmo matéria tributária, o que é proibido.