[Nefelibatas] FW: [TAAA] Nuclear

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  • Date: Thu, 28 Oct 2004 14:58:17 -0300

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>Subject: [TAAA] Nuclear
>Date: Wed, 27 Oct 2004 17:07:25 -0200



Um grande preconceito
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OTHON LUIZ PINHEIRO DA SILVA

A revista "Science", dos EUA, publicou em um artigo escrito por Liz Palmer e
Gary Milhollin a frase "muito provavelmente o Brasil esteja tentando
esconder a origem das centrífugas" ("more likely, Brazil is trying to hide
the origin of the centrifuges"), demonstrando um grande preconceito em
relação à capacidade dos brasileiros de inovar, criar e desenvolver. 

A Constituição brasileira limita a utilização da energia nuclear somente
para fins pacíficos. O presidente Lincoln dizia que a Constituição não é
meramente um papel, mas a vontade expressa de um povo, isto certamente não
se aplica apenas ao povo americano. 

Pode parecer um paradoxo, mas a energia nuclear contribuirá muito para que o
Brasil permaneça um país pacífico até o dia em que seja obrigado a se
defender. 

Quando um país não tem autonomia energética, ou torna-se refém das
oscilações da economia mundial, ou amplia o seu poderio militar para
assegurar o seu suprimento de energéticos, mesmo que seja às custas de
muitas vidas humanas, tanto de seus filhos como de patriotas das regiões
invadidas. 

No Brasil a produção de eletricidade é mais de 90% de origem hidrelétrica.
As nossas centrais hidrelétricas foram construídas com grandes reservatórios
de água, um grande "estoque regulador de energia", utilizado nos períodos em
que a vazão dos rios é insuficiente para produzir a eletricidade necessária.


Estas hidrelétricas com grandes reservatórios de água foram construídas
principalmente em regiões onde a floresta já havia sido derrubada, onde a
topografia era favorável. 

Restam poucas hidrelétricas a serem construídas com reservatórios de água,
formando grandes lagos artificiais de grande influência nas áreas alagadas.
Para atender aos requisitos ambientais, as demais deverão ser construídas
com baixa queda, sem alagamentos, podendo ser dotadas de eclusas e escadas
de peixe, que além de possibilitar a navegação fluvial contribuem para a
preservação das espécies animais ao longo das bacias hidrográficas. 

No Brasil, o consumo de eletricidade continuará em ascensão por muito tempo
(o consumo per capita é da ordem de 2,5 vezes menor que o observado na
Itália) e para atendê-lo teremos que construir hidrelétricas sem
represamento de água e utilizar termelétricas para manter o estoque
regulador de água em nível que garanta a segurança de operação do sistema
elétrico nacional. 

A perspectiva de subida do preço ou exaustão do petróleo e do gás recomenda
não ampliar muito o número de termelétricas a petróleo ou gás e programar a
participação de energia nuclear na matriz energética brasileira (temos a
sexta maior reserva de urânio do planeta). 

Muito em breve, a queima de petróleo e gás em instalações termelétricas será
a forma menos inteligente de utilização destes energéticos e a solução será
construir centrais nucleares, para as quais possuímos a tecnologia e grandes
reservas de combustível, complementando desta forma a hidroeletricidade,
energia renovável que no Brasil é abundante, e usar petróleo e gás
prioritariamente nos transportes, petroquímica, fabricação de adubos e
aquecimento direto, aumentando assim a duração de nossas reservas. 

Como autor do projeto de concepção das ultracentrífugas brasileiras, me
inspirei e modifiquei o que imaginava ser as ultracentrífugas americanas, às
quais nunca tive acesso; portanto, as nossas não são cópias de
ultracentrífugas européias ou paquistanesas e delas provavelmente muito
diferem. 

O nosso programa de desenvolvimento teve início em 1979, realizamos a
primeira operação de enriquecimento em setembro de 1982. Em 1987 o
presidente Sarney anunciou o domínio do ciclo do combustível nuclear. 

Em 1992 já trabalhávamos com ultracentrífugas que utilizavam cilindros
rotativos de fibra de carbono fabricados com uma máquina, "filament wiring
machine", com controle analógico da marca Josef Bear. Nessa ocasião,
apresentou-se o senhor Zelinger (e não o senhor Schaab como mencionado pela
"Science") vendendo um máquina equivalente, com controle numérico. 

A compra foi efetuada usando o processo normal de importação para aquisição
de uma máquina que pode também ser usada na fabricação de peças de fibra de
carbono para a indústria aeronáutica e espacial, carros de corrida e barcos
de competição. Posso garantir que não houve compra de projeto de
ultracentrífugas, até mesmo porque já havíamos desenvolvido as nossas
próprias e acreditamos que com tecnologia mais avançada. 

O Brasil pretende usar energia nuclear apenas no motor dos seus submarinos
para defesa, caso seja ameaçado e, necessariamente, na sua matriz energética
para garantir sua autonomia e não ser preciso garantir pela força as suas
fontes de suprimento como ocorre em outros países. 

Se os jornalistas da revista "Science" conhecessem como o autor deste artigo
a competência e a dedicação dos técnicos, engenheiros e cientistas
brasileiros que trabalharam no desenvolvimento de usinas de enriquecimento
de urânio, não teriam a mais longínqua dúvida sobre a autenticidade e a
qualidade dos equipamentos aqui desenvolvidos, embora talvez não gostassem
de constatar esta realidade. 
OTHON LUIZ PINHEIRO DA SILVA é vice-almirante, na reserva.


"O poder tende a corromper, e o poder absoluto corrompe absolutamente." Lord 
Acton


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