Rabelo, Que bom que você tá vivo! Bem-vindo ao debate, cada vez mais interessante. Não entendo e nem tenho condições de entender detalhes da tal Teoria do Domínio do Fato. Considerando que os próprios ministros do STF divergem sobre o assunto, e supostamente todos foram escolhidos por seu elevado saber jurídico, quem sou eu para entrar nessa seara? Recolho-me, pois, à minha insignificância. Agora, comparar o caso da responsabilização da chefia do mensalão à do pai (aliás, por que não da mãe?) pelos malfeitos dos filhos, você me perdoe, seria simplificar demais as coisas. Mais: caixa 2 é crime, sim, e não desprezível, como muito bem lembrou a ministra Cármen Lúcia numa intervenção durante o julgamento. Abração e bom fim de semana. Leandro. Em 22 de novembro de 2013 17:20, Rabelo <lourimarrabelo@xxxxxxxxx> escreveu: > Prezados CamaraDas, > > pela Teoria do Domínio do Fato, todo pai é culpado dos malfeitos dos > filhos. Ora, sendo o paí a autoridade maior do lar, como ele não saberia se > o filho é ou não traficante ou ladrão de banco, por exemplo? Por essa > teoria, todo chefe pode levar a culpa pelos crimes dos subordinados (ou ele > não sabe o acontece em sua volta?), etc... > Não acredito na tese do mensalão, pois teria que ser provada a > distribuição do dinheiro para os parlamentares e o nexo causal desse > pagamento com as votações. O que existiu foi o contumaz caixa 2. Dinheiro > repassado para os partidos para o financiamento das campanhas eleitorais. > Essa é a tese mais razoável e que foi provada. Aliás, confessaram-na. > todavia, pela impossibilidade de provar-se a compra de voto, ou seja, o > pagamento a cada parlamentar a ponto de caracterizá-la com tal, é que o JB > utilizou o Domínio do Fato, rechaçada pelo seu próprio autor no que tange > ao caso brasileiro. Eu sempre soube que a Justiça é cega, mas jamais pensei > que ela fosse simplista e minimalista. Com essa teoria, o ônus da prova > ficou invertido na *terra brasilis*. > > Saudações a todos. > > Rabelo > > > Em 22 de novembro de 2013 16:55, Roberto Jardim Cavalcante < > roberto.jardim@xxxxxxxxx> escreveu: > > Prazer meu, Sylvio. >> >> Também acho temerário condenar alguém sem provas, pelas mesmas razões que >> você apontou. A população poderia aplaudir a condenação de um culpado hoje, >> mas se lamentar por uma injustiça amanhã, a partir do precedente. Por essa >> mesma razão, aplaudi a não aplicação da Lei da Ficha Limpa nas últimas >> eleições (inúmeros picaretas foram salvos, pois havia sido aprovada após o >> prazo fatal - se não me engano, faltando menos de um ano para o pleito). >> Seria um casuísmo muito bem-vindo, àquela ocasião, mas com potencial de >> causar estragos futuros à democracia, pelo precedente. >> >> Porém, parece-me que a condenação dos mensaleiros não se baseou em mero >> achismo. Mesmo a teoria do domínio do fato não dispensa a produção de >> provas sobre a colaboração do réu no crime. Não foi aduzida apenas a >> posição hierárquica dos acusados. Houve, sim, referência explícita a provas >> testemunhais (portanto, diretas) e a provas indiciárias em profusão. Os >> indícios são largamente utilizados no nosso sistema penal, ainda que >> apontem para os fatos apenas de modo indireto. >> >> Perdoem-me os mais sensíveis pelo termo, mas este caso configura o "batom >> na cueca" típico. Afinal, precisaria filmar? Se assim for, "tadinho" do >> Arruda e seus parceiros do DF. O único crime deles teria sido o flagra do >> beijo. Se fosse "só" o batom, tá limpo... >> >> Não dá, Sylvão. Não desce. >> >> Abraço! >> Roberto Jardim. >> >> >> Em 22 de novembro de 2013 16:00, Sylvio Carvalho < >> sylvio.carvalho@xxxxxxxxx> escreveu: >> >>> Bob, >>> É sempre um enorme prazer ler seus textos. >>> A minha pergunta era se o Leandro poderia jogar um pouquinho de luz >>> sobre a questão do Domínio do Fato, teoria que foi usada no caso específico >>> do José Dirceu. >>> Você não abordou, mas me esclareceu do que se trata: Achismo. >>> O Direito, pelo menos o nosso, sempre foi baseado em provas. O Estado >>> tem que provar a sua culpa. Ninguém pode ficar à mercê dos "achismos", >>> convicções, ou crença de juízes. >>> Veja que o Al Capone foi preso por sonegação, pois foram as provas >>> conseguidas. >>> Você disse que foram tantos depoimentos, mas não teve ninguém alem do >>> Bob Jefferson (revoltado) a falar no nome do Dirceu. Hora nenhuma alguém >>> disse que se reuniu com ele, recebeu ordem dele, ou qualquer coisa >>> referente ao mensalão tem o nome do Dirceu. >>> Ah, mas ele era o poderoso do PT. Agora eu que te pergunto, você acha >>> que isso é o suficiente? >>> No caso do Genoino, ele era o presidente, tem sua responsabilidade legal >>> sobre os atos da instituição. >>> Acho (acho??) o Domínio do Fato algo muito perigoso, pro direito de >>> qualquer um, até o seu. O juiz pode ser seu inimigo, poderá condená-lo sem >>> provas. >>> Se com provas, tem nego que passa centos anos preso e depois se descobre >>> que era inocente. >>> >>> Às vezes nos esquecemos que nem sempre vivemos em estado democrático de >>> direito. Às vezes existem poderes maiores que a Lei. >>> >>> Quanto às questões político-eleitorais, cada um deve procurar aquilo que >>> melhor lhe representa entre as opções colocadas. >>> >>> Abraço CamaraDa, >>> >>> SylverStone >>> >>> >>> Em 22 de novembro de 2013 11:50, Roberto Jardim Cavalcante < >>> roberto.jardim@xxxxxxxxx> escreveu: >>> >>> Em 19 de novembro de 2013 10:40, Sylvio Carvalho < >>>> sylvio.carvalho@xxxxxxxxx> escreveu: >>>> >>>>> Leandro, só faltou analisar a Teoria do Domínio do Fato. Pode traçar >>>>> algumas palavras?? >>>>> >>>> >>>> >>>> Sylverstone, meu nobre, espero que não se importe de eu não responder à >>>> sua pergunta e já ir fazendo outras tantas. >>>> >>>> Você acha que existiu o Mensalão? Acha que houve, realmente, corrupção? >>>> Acho que o artigo enviado há pouco pelo Niquele ajuda a rememorar alguns >>>> fatos ("Questões de Ordem: Qual a culpa de Genoino?", do Marcelo >>>> Coelho). >>>> >>>> Se respondeu sim às perguntas acima, acha que José Dirceu esteve >>>> envolvido, partindo-se de tantas evidências? >>>> >>>> Há chances de que ele não tenha a ver com isso? Mínimas ou nulas. >>>> Quantos depoimentos!... A partir daí, acho tão casuística a tentativa de >>>> analisar o caso a partir da Teoria X ou da Z, quanto questionar a >>>> razoabilidade da justiça americana ao condenar Al Capone por contrabando. >>>> Cair nessa de "crime político", "julgamento de exceção" é patético, até. >>>> >>>> Cara, muitos desses não merecem que você lhes empreste a sua >>>> honorabilidade, a sua credibilidade, o seu profissionalismo. Você pode >>>> continuar com suas crenças ideológicas, políticas, sem ter que afiançar a >>>> conduta pessoal deles. >>>> >>>> Há pouco mais de um ano, caiu uma das peças que eu mais admirava no >>>> Congresso Nacional - uma das raras, aliás: Demóstenes Torres. Gostava da >>>> coragem dele de defender posições antagônicas às da corrente. Transmitia-me >>>> confiança, especialmente pela proximidade com seu posicionamento político. >>>> Diante das primeiras acusações, já pensei logo que estavam plantando >>>> situações (vide episódio Mercadante & seus "aloprados") para minar uma das >>>> únicas vozes críveis de oposição. Mas já na primeira esquina, não dava >>>> mais. Ficou bem claro que o cara estava mergulhado até as tampas naquilo >>>> que negava. Lamentei, mas não perdi um segundo de sono por isso. Não >>>> poderia maquiar os malfeitos do sujeito só porque simpatizava com ele. >>>> Erros, bastam os meus, não tenho compromisso com os dos outros. Podemos >>>> defender as ideias, nunca os erros de alguém. Simples assim. >>>> >>>> Lembro-me dos meus 17 anos ao votar em Afif Domingos para presidente. >>>> Cheguei a defendê-lo perante amigos, quando recebeu o golpe fatal do Covas, >>>> acusando-o de faltar excessivamente as sessões constituintes. Bobagem >>>> juvenil. Hoje compõe o governo Dilma, apesar de ter criticado "a estrela", >>>> em 89. Incoerente? Talvez. Parte do jogo político? Talvez. Deveria >>>> defendê-lo pessoalmente, sem ao menos conhecê-lo? Nunca! Hoje em dia, >>>> espero dele apenas que trabalhe direito, no que se dispuser a fazer. >>>> >>>> Acabo de lembrar também de um fato daqui desta lista - um admirador do >>>> Lula mandando uma foto tida por "maravilhosa" ou algo semelhante, >>>> mostrando-o suado e sorrindo, "nos braços do povo", durante a campanha de >>>> sua reeleição. Creio que enquanto tratarmos com esse tipo de reverência >>>> servil (que não é o mesmo de respeitosa!) os nossos homens públicos, >>>> continuaremos a ter esse tipo de homem público. >>>> >>>> Abraço! >>>> Roberto Jardim. >>>> >>> >>> >> >