[softwarelivre] [Dicas-L-Owner@unicamp.br: [Dicas-L] Professor promove cruzada por computador popular]

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Subject: [Dicas-L] Professor promove cruzada por computador popular
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  Professor promove cruzada por computador popular
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Este artigo foi publicado no Jornal da Unicamp, edição de 24 a 30 de maio
de 2004. A versão original encontra-se em
http://www.unicamp.br/unicamp/unicamp_hoje/ju/maio2004/ju253pag12.html

Trata-se de um projeto de computador popular desenvolvido por um professor
aposentado da Faculdade de Engenharia Elétrica da Unicamp. O projeto,
desenvolvido sem apoio algum, tendo por motivação principal o idealismo,
certamente merece muita atenção.

A seguir, o texto da matéria na íntegra.

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  Professor promove cruzada por computador popular
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Engenheiro eletrônico por formação, Jaime Szajner é professor
aposentado da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (FEEC)
da Unicamp. Mas estas qualificações talvez não traduzam com precisão
a sua atual condição. Ele é, antes de tudo, um cidadão idealista,
no melhor sentido do termo. Há pelo menos cinco anos Szajner vem
dedicando conhecimento, tempo e até mesmo dinheiro a uma causa
que considera vital para o Brasil: produzir um computador popular
que ajude a promover a inclusão digital e social de milhões de
brasileiros. Depois de inúmeras tentativas, o especialista montou,
a partir de componentes encontrados no mercado, uma máquina com
processador de velocidade média que, a seu juízo, teria condições
de atingir tais objetivos. Sua luta, agora, é para conseguir que
as autoridades brasileiras isentem o equipamento de impostos, o
que faria com que fosse vendido por algo em torno de R$ 750, 25%
mais barato do que o similar anunciado pelas lojas de informática.

Szajner batizou a sua obsessão pela produção do computador popular
de Projeto Incluir. O engenheiro eletrônico faz questão de
ressaltar que não inventou nada, apenas promoveu a união de idéias e
componentes já existentes para dar forma ao seu sonho. Entusiasta da
própria causa, ele afirma que foi classificado de louco por várias
pessoas quando tentou convencer colegas, políticos e fabricantes
da viabilidade do projeto. "Praticamente ninguém me deu ouvidos",
queixa-se. Antes de chegar à máquina atual, o especialista montou
alguns equipamentos, mas nenhum deles ofereceu as soluções que
buscava. Um dia, porém, Szajner encontrou um produto com configuração
semelhante àquela com que vinha trabalhando, sendo vendido a US$
298 (R$ 920, em valores atuais) pela rede Wall-Mart, via internet.

Idéia é usar aparelho de TV no lugar do monitor

O ex-professor da FEEC pensou, então, que se os Estados Unidos podiam
vender um computador a esse preço, o Brasil poderia fazer o mesmo,
talvez até um pouco mais barato. Pronto, estava praticamente provado
que a sua idéia, mais do que meritória, era factível. Mas, antes de
tentar convencer a sociedade disso, Szajner precisava resolver outro
problema. É que a máquina vendida pela Wall-Mart era composta apenas
por CPU, teclado, mouse e caixas de som. Não vinha acompanhada do
monitor, impossibilitando, portanto, que o usuário gerasse imagens. A
solução encontrada pelo engenheiro eletrônico para substituir tal
equipamento foi ao mesmo tempo óbvia e criativa. "No Brasil, mesmo
nas casas mais humildes, sempre há um televisor. As estimativas dão
conta da presença de 40 milhões de unidades no país. Minha idéia
foi utilizar o aparelho no lugar do monitor", explica.

Para isso, Szajner promoveu uma adaptação na saída de vídeo do
computador, de modo que a TV fosse conectada e passasse a fazer a
interface com a máquina. A qualidade da imagem e do som, conforme
o especialista, não é a mesma da proporcionada pelo monitor, mas
também não chega a ser ruim. "O importante é que essa solução
dispensa a compra do monitor, que custa cerca de R$ 400,00 no
mercado. Além disso, essa alternativa não tira a possibilidade de,
um dia, a pessoa adquirir um equipamento melhor para gerar imagens",
pondera. Incansável, o especialista foi um pouco mais além do
que fizeram os norte-americanos. No lugar de um micro dotado de
aparelho que toca CD, ele resolveu montar um com o dispositivo
que reproduz DVD. A diferença de preço entre um e outro, diz,
é de apenas R$ 40,00.

A esta altura, Szajner já tinha chegado a um computador que
dispensava o monitor, que era dotado de aparelho que reproduz DVD,
que possibilitava a conexão com a internet e que permitia o uso de
variados programas, como os editores de texto, de planilha etc. E
tudo isso por um preço de aproximadamente R$ 750, considerando-se a
isenção dos impostos. Excelente negócio, não? Não para o engenheiro
eletrônico. Na sua visão, ainda era possível obter mais algum
ganho. Isso foi feito por meio da adoção do software livre,
medida que dispensa o pagamento da licença pelo uso do sistema
operacional. Agora sim, ele havia finalmente alcançado o objetivo
perseguido durante tanto tempo, qual seja, o de montar um computador
popular.

Novo desafio Apesar de ter concretizado a idéia de conceber um
computador barato, o professor acabou por estabelecer um novo e
possivelmente mais complicado desafio: fazer com que o equipamento
chegue às pessoas que hoje não têm acesso a essa tecnologia. Para
tanto, é preciso encontrar um fabricante interessado em produzir
a máquina em escala industrial e convencer as autoridades para a
necessidade de isentar o produto de tributos. "Mas tem que ficar
claro que a isenção recairia especificamente sobre esse modelo,
em razão do impacto social que causaria. Os equipamentos com
processadores mais potentes continuariam sendo vendidos pelo preço
normal, já incorporados os impostos", assinala.

Szajner conta que tem mantido contato com empresas e políticos,
na tentativa de convencê-los a encampar o Projeto Incluir. "Falei
com um número incontável de pessoas e já mandei carta ao presidente
Lula, mas até agora não tive nenhum retorno", lamenta. O engenheiro
eletrônico sustenta que, caso seu projeto vire realidade, será
possível produzir aproximadamente 20 milhões de micros num prazo de
dez anos. "Se considerarmos que cada máquina pode ser usada por no
mínimo duas pessoas, isso promoveria a inclusão digital e social de
pelo menos 40 milhões de brasileiros. Sem contar que a fabricação
dos computadores abriria novos postos de trabalho e geraria renda
para as pessoas que fossem contratadas", argumenta o especialista.


        Uma história emblemática
        ========================


Embora reconheça que existem inúmeras dificuldades para a execução
do Projeto Incluir, o engenheiro eletrônico Jaime Szajner
afirma acreditar fortemente nessa possibilidade. "Vou continuar
trabalhando por isso até quando puder. É como se a salvação
da minha alma dependesse do sucesso desse projeto", exagera,
em tom bem-humorado. Ele tem razões consistentes para tamanha
fé. O especialista conta que ao longo da sua carreira testemunhou
a transformação que o computador pode promover na vida de uma
pessoa. Investindo dinheiro do próprio bolso, ele montou e doou
máquinas para muita gente. Um dos beneficiados foi o filho de um
primo, cuja história Szajner relata.

Ao encontrar o rapaz no velório de um parente, há vários anos, o
engenheiro eletrônico foi logo perguntando como iam os estudos. O
jovem, que havia sido admitido no curso de Análise de Sistemas,
revelou com muito desânimo que abandonara a universidade. Motivo:
não tinha condições de comprar um computador, o que o impedia de
colocar em prática o que estava aprendendo e de trabalhar suas
potencialidades. "Minha reação foi dizer ao rapaz para passar em
casa no dia seguinte, pois eu lhe daria um micro", recorda. E assim
foi feito. O filho do primo foi à residência Szajner, apanhou o
equipamento, agradeceu e foi embora.

Quatro anos depois, o engenheiro eletrônico viu, da sua janela,
um táxi estacionando diante do portão. Do interior do veículo
surgiu o filho do primo, com um prosaico 286 nas mãos, o mesmo
que ganhara de Szajner. "Ele me abraçou e disse que tinha vindo
devolver o micro. Contou que, graças à máquina, retomara os estudos
e conseguira se formar. Isso me emocionou muito. Agora eu pergunto:
quantas pessoas, na mesma condição, poderão viver experiência
semelhante sem que façamos algo por elas"?, indaga o ex-professor
da FEEC. Com a resposta, a sociedade brasileira.

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Carlos Laviola <carlos@xxxxxxxxxxx>

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