[platcore] Re: [platcore] Radical Livros - apresentação
- From: Georges Kormikiaris <georges@xxxxxxxxxxxxxxxxxxx>
- To: platcore@xxxxxxxxxxxxx
- Date: Fri, 5 Aug 2005 16:35:01 -0300
Olá peoples,
Recebi ume mail da Giseli e me cadastrei na lista. Dei uma olhada por
cima no histórico, mas só vou ter tempo de ler as mensagens no final de
semana (e eu que pensei que o final de semana estava livre, rs).
Conversei tb por telefone com o Ricardo, que acredito ser o único que
eu conheço pessoalmente, já que fomos colegas no curso de alemão da
USP. Curso que ambos abandonamos -:(
Anyways, vou me apresentar e dar minhas sugestões sobre a publicação do
Digitofagia (ou o título que venha a ter, não sei se já está definido
que é esse o título).
Criei a Radical Livros para trabalhar com edição de livros, claro, e o
meu interesse é por títulos voltados para política, música, anarquismo,
filosofia, arte, etc. Minha formação acadêmica foi em filosofia, tb na
FFLCH, e me interesso na área por idealismo alemão, estética, filosofia
da arte, marxismo, frankfurtianos, etc. De uma coisa eu tenho certeza:
a vida sob o regime capitalista é a morte. But I digress...
O primeiro livro lançado pela Radical é "A Filosofia do Punk", do Craig
O'Hara, um punk norte-americano que trabalha com a AK Press. No site da
Radical tem mais informações, release, capa, etc. O próximo livro, a
sair em setembro, é Water Wars, da Vandana Shiva, que vcs talvez
conheçam por conta do Biopirataria, editado no Brasil pela Vozes.
Eu trabalho sozinho e conto com a ajuda de alguns parceiros/amigos para
o processo de produção dos livros (que apesar de meus amigos recebem
pelo trabalho, não é brodagem não). Tenho um controle de qualidade meio
rígido sobre o livro como um todo. Um livro, pra sair pela Radical,
passa pelas seguintes etapas: tradução, revisão da tradução,
preparação, revisão final e diagramação. Isso quando o texto é de autor
estrangeiro. Aliás, estou louco atrás de autor nacional porque pagar
adiantamento de direitos autorais, pagar tradução, pagar revisão da
tradução é duro pra quem tá começando como eu... Quem tiver sugestões,
mande, por favor!
Depois do livro pronto, vem a divulgação e a distribuição. Para
divulgar eu conto com uma assessora de imprensa, a Cida Candido
(www.cidacandido.com.br). Para distribuir, eu conto com 4
distribuidores aqui de SP: Ramalivros, Kontos, Sollus e Superpedido.
Com exceção da Sollus, as outras atendem Brasil todo. Estou tb fechando
distribuição com distribuidoras de outros estados, por enquanto já
tenho arranjado pra distribuir no Distrito Federal, Minas Gerais e
Alagoas. Só não fechei com outros distribuidores porque eu sou de
office-boy a editor na Radical e o dia continua a ter 24 horas, mas em
pouco tempo essas coisas vão se acertando. Até outubro, quando o livro
do Midiatática estiver pra ser lançado, acredito que já tenha
distribuidores em quase todos os estados brasileiros. Isso é
importante, pois mesmo com o livro podendo ser enviado pras livrarias
fora de SP pela Ramalivros, Superpedido, etc, é difícil o livreiro de
uma outra cidade pedir o livro sem um contato de algum vendedor local.
Os livros da Radical não ficam na editora (que por enquanto fica na
minha casa mesmo), mas na Biblion, uma empresa de logística de livros
localizada em Barueri. O trabalho da Biblion é emitir a nota fiscal da
Radical, separar e embalar os livros, acertar o frete e despachar os
livros pro distribuidor. Isso permite que eu concentre o meu trabalho
nos aspectos propriamente editoriais. A Biblion não é distribuidora,
ela apenas estoca os livros. Quando eu recebo o pedido de um
distribuidor, eu repasso os dados pra Biblion e eles se encarregam do
resto. Pra quem tem um título só, como eu, pode parecer um exagero, mas
onde eu ia guardar 2.000 exemplares em casa? Quanto tempo eu ia perder
tirando nota fiscal, embalando livro, ligando pra transportadora, etc?
Lá é tudo controlado e os livros ficam armazenados em caixas que
protegem de poeira, umidade, etc. Quando vc tem 10 títulos, imagine ter
que guardar isso tudo, ficar separando livro, etc, vc acaba tendo que
ter alguém pra cuidar disso dentro da editora, então eu achei melhor
terceirizar isso com uma empresa que é até difícil de acreditar que
exista no Brasil (logística de livros no Brasil?!?!). Os livros do
Midiatática tb ficariam lá.
Um outro motivo dessa terceirização total da minha parte é que eu
detesto a idéia de virar patrão de alguém, é algo que não me agrada
muito não. Obviamente, algum dia isso vai acontecer, mas o quanto eu
puder evitar, acho melhor. Na verdade, tenho a idéia de trabalhar sob
um regime que seja mais de cooperação do que de assalariamento. Não
tive tempo de estudar a legislação sobre cooperativas, ongs, etc, e por
conta de outras experiências que tive com sócios em outros trabalhos
anteriores, abri a Radical Livros como firma individual. Se eu quebrar
a cara nessa empreitada, me ferro sozinho e não atrapalho a vida de
ninguém. Não que eu imagine que vá me ferrar, mas já que me arrisquei a
abrir uma editora, achei melhor assumir o risco sozinho.
Agora vou dar um resumo de como funciona a cadeia do livro no Brasil. O
comércio de livros funciona num regime de consignação e descontos sobre
o preço de capa. É mais ou menos assim: vc manda o livro pro
distribuidor com um desconto e ele repassa pras livrarias com outro.
Historicamente, o desconto das livrarias têm sido de 40%. Já as grandes
redes (FNAC, Cultura, Saraiva, etc) cobram 50% (porque toda editora
quer ter seus livros à venda nelas...). As distribuidoras ficam com 10
a 15% por cento (depende da negociação). Assim, a editora, na verdade,
acaba concedendo de 50% a 65% de desconto. Eu consegui descontos de 50%
a 60% (depende do distribuidor, da rede, etc). Um número que eu acho
bom pra se utilizar na hora de fazer contas é 60%. Partam disso que vcs
não se enganam no custo final.
É claro que vc não é obrigado a utilizar um distribuidor, pode vender
diretamente às livrarias (e assim ficar com 60% do preço de capa, já
que deu um desconto de 40% pro livreiro), mas pra isso vc precisa ter
um departamento comercial próprio. No caso da Radical, eu encontrei uma
solução apropriada pro tamanho da editora e pro catálogo atual (apenas
1 título): eu mesmo visito algumas livrarias toda semana, aqui em SP, e
apresento o livro. Se o livreiro se interessar, eu mesmo tiro um pedido
e repasso pra distribuidora com a qual ele trabalha (que está sempre
entre as 4 com as quais a Radical trabalha). Faço isso porque nenhuma
distribuidora vai mostrar o livro de todo mundo em todas as livrarias.
É muita editora e livro novo no mercado todo dia, a uma média de 1.000
títulos por mês, isso mesmo, 1.000 títulos. É claro que o livreiro tb
pode se interessar pelo título por conta da repercussão na mídia, da
procura dos clientes, etc.
No meu caso, eu não inventei nada de novo, fiz o que toda editora faz:
edito, divulgo e distribuo. A minha diferença pruma editora com
catálogo de dezenas de títulos é uma presença no mercado há mais tempo
e os canais de divulgação e distribuição já azeitados. Eu estou
construindo esses canais, mas até o momento não encontrei grandes
dificuldades, mesmo porque o segredo de ter tanta editora nova no
Brasil é um só: o custo unitário do produto livro é muito baixo e a
venda é consignada.
O que eu posso oferecer pro Midiatática é o selo que a Giseli comentou,
o espaço na Biblion, a assessoria de imprensa, a distribuição em todas
as distribuidoras que a Radical utiliza ou vier a utilizar, a inserção
nos materiais promocionais da editora (no momento estou finalizando uma
newsletter impressa que será enviada para um mailing de 2.000 livrarias
do Brasil todo) e a participação na produção gráfica do livro. Com os
dados que o Ricardo me passou, já solicitei alguns orçamentos pras
principais gráficas de livros de São Paulo. Até semana que vem devo
receber os orçamentos e repasso pra lista. Pedi um orçamento para 1.500
exemplares por questões de custos gráficos. Expliquei ao Ricardo que
não compensa fazer 1.000 exemplares. Quando falo em produção gráfica,
me refiro à pré-impressão, não à impressão propriamente dita. Mas
acredito que vcs tenham uma verba para a impressão. A parte de
pré-impressão da Radical fica a cargo do Eduardo Abreu, um designer
gráfico de mão cheia que é tb cinéfilo amador
(http://caixa_preta.zip.net/). É claro que se algum de vcs quiser
cuidar de diagramação, capa, etc, poderá fazê-lo, mas eu acho que o Edu
manda muito bem e ele poderia apresentar estudos de capas para a
aprovação das pessoas do Midiatática.
Como todo esse trabalho acima é pago, eu proponho um desconto de 10%
sobre o preço de capa para a Radical poder bancar essas coisas. Nem sei
se vou ter lucro pois é difícil mensurar custos fixos, mas é o mesmo
esquema que eu estou acertando com o Luta Libertária e como disse a
eles, acho que pelo menos não tomo prejú. O interessante pra vcs é que
a produção gráfica, armazenagem, divulgação e distribuição já está
garantida e paga de antemão sem vcs botarem a mão no bolso...
Com esse desconto de 10%, vcs teriam um desconto máximo de 70% e
poderiam ficar com 30% do preço de capa. Eu não sei qual é a intenção
comercial desse lançamento editorial por parte de vcs (desculpem, mas
só vou poder ler o histórico da lista no fds), mas se os autores são
nacionais, não há tradução, nem adiantamento de direitos autorais (ou
até mesmo direitos autorais), com 30% do preço de capa é possível
bancar um título tranqüilamente. Ou seja, seria como se vcs fossem uma
editora dentro da minha, deu pra entender?
Os acertos são feitos a cada 30 dias, conforme os relatórios das
distribuidoras. O pagamento da distribuidora é feito pra editora com
prazo de 60 dias. Assim, o primeiro acerto leva 90 dias e partir do
segundo, as coisas entram numa rotina mensal.
Seria muito legal participar desse projeto e acredito que poderíamos
fazer um trabalho muito bom. O selo pode começar lançando um título por
ano e crescer a médio prazo pra algo em torno de 2 a 3 títulos por ano,
dependendo das vendas em livrarias, indicações editoriais de vcs, etc.
Quero deixar claro que a direção editorial desse selo seria de
responsabilidade de vcs, obviamente eu posso dar minha opinião,
sugestão, etc, mas os editores do selo seriam vcs. O que a Radical
oferece é uma espécie de guarda-chuva legal e as ferramentas que toda
editora tem que ter (site, assessoria de imprensa, distribuição, etc.)
sem que vcs precisem constituir empresa ou fazer essas coisas de forma
amadora.
Desculpe o tamanho do email, mas achei importante falar um pouco sobre
como funciona o mercado editorial para que mesmo que vcs não venham a
trabalhar comigo, pelo menos possam saber onde estão pisando se forem
trabalhar com outra editora. E pra quem já sabia disso tudo, desculpas
novamente.
Qualquer dúvida, pergunta, sugestão, xingamento, whaterever, fico à
disposição.
[]'s
Georges Kormikiaris
Radical Livros
Caixa Postal 2255
São Paulo, SP
01060-970
Brazil
Tel/Fax: (5511) 3668-2060
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